segunda-feira, 28 de julho de 2014

A Historia do GAM ( Grupamento Aeromaritimo Ten PM Antunes) da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro- 4ª Parte

Escaninho de Recordações

Continuação.

Assumi o Comando Geral da PMERJ  em Junho do ano de 2000. Em Julho ou Agosto, fui procurado pelos Capitães Lima e Andrade,  os quais me reacenderam a chama das Asas Móveis, ao mostrar-me um trabalho Técnico Profissional de suas autorias,  onde o tema helicópteros na PM voltava à baila.

Com o passar do tempo, fui procurado para tratar do mesmo tema,  por outros Oficiais, entre eles os Cap Albuquerque e Eduardo Luiz. Mais no final do ano, sabedor que eu implantara em Julho um pequeno Núcleo Marítimo no CPI ( Comando de Policiamento do Interior), composto de uma Guarnição PM ainda sendo treinada e uma velha e carcomida Lancha do BPFMA ( Batalhão de Policiamento Florestal e de Meio Ambiente) que estava parada hà vários anos em um Estaleiro artesanal na comunidade do Caju, com o fim de patrulhar a Baia de Guanabara para fazer tímida frente( em razão dos parcos recursos)) ao contrabando  de armas, fui procurado pelo Almirante   Borges,   o qual desempenhava funções burocráticas na Secretaria de Segurança Publica.  Foi me apoiar e parabenizar pela iniciativa em estender as ações da PMERJ no combate a criminalidade no mar. Deixou-me  cópia de um seu esboço versando sobre essa atividade singular por parte das PM.

Tal apoio e visão dos especializados companheiros, tanto da PMERJ como de outras Instituições centenárias, com  intensidade  me reacendeu    antigo desejo  adormecido em meu peito operacional, de avançar em terreno desconhecido.

É que, toda a Legislação que o Poder Nacional através do Exercito Brasileiro/IGPM ( Inspetoria Geral das Policiais Militares)  nos havia destinada até aquele momento, sempre deixava os textos de forma bem clara, amarrando   que nossas atividades institucionais se desenvolveriam na terra, comedidamente  no ar e no mar doce, isto é rios, lagos e lagoas. E no mar salgado?, e no imenso mar que através de suas reentrâncias costeiras, no nosso caso, principalmente a Baia de Guanabara era alvo constante de informes e noticiários da imprensa que havia se transformada em rotas  regulares onde transitavam impunemente os mercadores da morte transportando drogas e armas de guerra para abastecer  diuturnamente os nefastos  paióis dos traficantes. Quem cuidava dessa nevrálgica área em termos de segurança pública ?? Ninguém......

A partir desse momento começou s se delinear o desenho de um Grupamento Especial que atuasse no Ar e no Mar, como se fosse uma adaptação para existência permanente do conceito de Força Tarefa. Seria uma Força Tarefa sim ,porém  eterna, permanente, não se dissolveria mais após o cumprimento de determinada missão.  Duro, duríssimo desafio, logístico, legal e legítimo que nos propusemos a enfrentar. O tempo diría....

Na primeira oportunidade  conversei sobre o assunto com o Secretario de Segurança o Sr Cel PM Josias Quintal o qual, vibrou com a iniciativa  e após consulta ao Sr Governador Antony Garotinho, deu o aval para tocar o projeto.

A partir dai, foi Trabalho de Estado Maior. Encarreguei meu Chefe do Estado Maior  Cel PM Montenaro para iniciar o planejamento através da elaboração de texto específico para prever e prover os passos necessários a criação do novo Órgão. O Cel PM Maia , meu Diretor Geral de Apoio Logístico (DGAL), me acompanhou em exaustivas incursões pela Baia de Guanabara até acharmos o local compatível e exequível  para sediar o GAM ( me recordo que até nas instalações da UFRJ ( Universidade Federal do Rio, de Janeiro ) na Ilha do Governador estivemos , mas as portas foram fechadas. Escolhido o local, próximo a nossa saudosa ESPM ( Escola Superior de Policia Militar), na Av Feliciano Sodré , em Niterói, com acesso por terra, mar e ar, uma intensa e corajosa luta teve inicio para construirmos a Base do GAM. Não era uma construção civil comum, era um Heliporto Militar, com todas as suas   características próprias , técnicas e de segurança. A participação do Cel Maia e sua equipe da DGAL foi vital. Sem sua coragem, capacidade de organização e determinação , nossa Base Aeromarítima não seria construída, e se o fosse, não atenderia ao principio da conveniência e oportunidade. Ao Ten Cel Claudecir dei a missão de organizar o Grupamento no terreno, alocando meios e pessoal, e confeccionando inclusive as NGA ( Normas Gerais de Ação) do novo Órgão. Pedi-lhe dedicação exclusiva, porquanto, ele seria o seu primeiro Comandante.

Ato contínuo, precisávamos, em tempo recorde, começar a capacitar nosso pessoal. Tinha conhecimento que alguns Oficiais e Praças possuíam Cursos de Pilotos Civis de Helicópteros, mas e aí,  eram militares , pelo menos uma capacitação adaptativa teria que ocorrer. Paralelamente a isso através de nossa amizade com o Cmt do  1º Distrito Naval conseguimos a cessão de duas vagas no Curso de Pilotos da Base Aérea de São Pedro de Aldeia. Para lá foram os Capitães Lima e  Andrade. Um Tenente PM ( Baltar- que mais tarde foi de vital importância por ocasião de um "golpe de mão " que o "inimigo" tentou aplicar  em nossa Aeronave ) foi encaminhado para Itajubá para cursar Mecânica de Aviação na fábrica da Helibrás. Estágios foram abertos para nossa PM no Batalhão de Helicópteros do Exercito, em Santa Catarina . O Governador autorizou a SSP ( Secretaria de Segurança Pública) comprar uma aeronave nova em folha para a Policia Militar. Contávamos ainda que conseguiríamos reaver de fato e de direito um antigo helicóptero nosso, adquirido no Comando do Cel PM  Elysio,  que estava há anos baseado na CGOA (Coordenadoria Geral de  Operações Aéreas), na Lagoa Rodrigo de Freitas. Havia um pequenos problema porém. Todos os nosso passos eram dados em silencio. Minha experiência nessa área, conforme relatado nos capítulos anteriores,  me orientava para isso, tendo em vista que todas as iniciativas/ tentativas da Corporação   aos longo da história,  para implantar seu Núcleo de Asas Móveis haviam fracassado. Tudo indicava que tínhamos poderosos "inimigos" nessa área, e era uma flagrante realidade. A partir de um determinado momento, as coisas passaram a  não andar  com a velocidade própria que marcava o Comando. Alguns óbices começaram a se delinear, sem qualquer motivo aparente. As obras de nossa Base Aeromarítima já estavam quase prontas, em tempo recorde. Nossos  homens já estavam no limiar  da capacitação.  As embarcações  que a DGAL às duras penas havia comprado, e outras que havia recuperado, já estavam por serem entregues. Mas e o nosso Planejamento, por que não era formalizado pela SSP, para dar origem ao Decreto Governamental de criação do GAM ??  Por que a Aeronave nova não era liberada pela Helibrás ?? Porque o nosso Helicóptero baseado há anos na CGOA, embora insistentemente solicitado formalmente, não nos era apresentado ??  Por que a Policia Federal, de afogadilho,  estava a criar um Núcleo de Policiamento Marítimo na Baia de Guanabara , iniciativa que em razão de sua Missão Constitucional já deveria ter sido tomada  há dezenas de anos ??  O ano de 2002  já se iniciara , e nada... ...É que por mais silêncio que trabalhássemos, o "inimigo" também assim o fazia, para sabotar nosso Projeto ( da PMERJ). Mas esses detalhes, dignos das historias da época da "Guerra Fria"  ficam  para a próxima e última parte da  História do GAM Ten PM Antunes. ( Continua).