terça-feira, 26 de janeiro de 2016

ESQUENTA!!!!

ESQUENTA !!!!!!!!" Não só coisas boas devem ser relembradas, infelizmente, algumas devem o ser para que não se repitam.

Tal matéria foi alinhavada no ano de 2013. O Cel Telhada da PMSP, registrou sucinta mas importante homenagem ao Ten PMSP Mendes Junior, barbaramente assassinado por terroristas naquele  Estado,  no ano de 1970. Á época minha EsFO/PMRJ, Escola de Formação de Oficiais, lhe prestou justas honras. Nesse período, da homenagem de Talhada,  esbarro na TV, no programa "Esquenta",  com PM, Oficiais e Praças, de nossa PMERJ, afrontando publicamente, com beneplácito de seus superiores,  o já tão desgastado Manual  do Dever de Aprumo. Tive que me posicionar.


Wilton Ribeiro compartilhou a foto de Coronel Telhada.
26 de janeiro de 2013 às 15:29 ·
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No recente exterminado Prédio , da exterminada Escola de Formação de Oficiais da exterminada PM do antigo Estado do Rio de Janeiro, existiam Placas, Salas e Quadras, em homenagem ao brutalmente assassinado Ten PMSP Alberto Mendes JR. Tudo foi destruído em nome da ESPECULAÇÃO IMOBILIARIA, o barulho das caixas registradoras falou mais alto.
Lamentável, extremamente lamentável. Hoje vemos Sargentos ( a liga amalgamadora, fundamental, da pirâmide entre Praças e Oficiais), FARDADOS, na televisão, dançando funk, despudoradamente, com total ausência de pundonor militar. Igualmente vemos Oficial PM, dançando funk, esfregando-se a e com conhecido traficante de drogas, também despudoradamente e com total ausência de pundonor militar (ato público e o oficial identificado como tal). Cabos e Soldados FARDADOS, visivelmente constrangidos (ainda bem), todos observados pelo olhar passivo, permissivo e até incentivador de autoridades presentes, todos dançando funk também, todos a rebolarem e rebolarem, e cada vez mais rebolarem, FARDADOS, como se não mais existisse na PMERJ, uma ferramenta de controle marcial chamada DEVER DE APRUMO, própria de qualquer Instituição Militar, ou outra qualquer mínimamente organizada e uniformizada. Sei não!!!, Sei não, onde as coisas irão parar. Se é demonstração de troca de cultura (não creio que seja), por que só unilateralmente? Por que, por exemplo, o outro grupo não se dispôs a realizar uma pequena demonstração de ORDEM UNIDA SEM COMANDO ? Ou então sob outro prisma, o da universalização, por que não estavam presentes também a rebolarem, pelo menos as outras Forças Estaduais e Municipais: Bombeiros, Policiais Civis, Agentes Penitenciários, Guardas Municipais, e num rasgo de "integração total", já que liberou geral, representantes das Forças Armadas e Policias Federais. Não.... , nenhuma dessas Instituições ( graças a DEUS) aceitaria tal desmoralização. Então por que só a PMERJ tem que suportar tal carga?. Já passou da hora de se dar um basta, enquanto é tempo.

Mas uma coisa eu sei, e cheguei inclusive a perceber,  sob a forma de sinistros sons, e quase a ver jorros de sofridas lágrimas a brotarem , não só dos olhos do Ten PMSP Mendes JR, como também dos olhos de todos os PM Heróis Sociais, de todo o Brasil, tombados por força das balas assassinas,  disparadas por traficantes de drogas e outros criminosos. Estão a chorar sim , após verem a postura de componentes de uma Bicentenária Força Pública em tal quadro de promiscuidade em ambiente politico- televisivo, pela constatação cada vez mais evidente, que seus atos de heroísmo em defesa da sociedade e consequentes mortes próprias, brutais, pelo ferro e fogo inimigos, estão caminhando também cada vez mais, para a inutilidade e total falta de reconhecimento. Primeiro pelas próprias Instituições, e depois pela Sociedade em geral.
Muito triste tudo isso, lamentável, extremamente lamentável.

OBS- Por maior espírito humanitário, arraigada crença democrática e fé legalista que se tenha, e eu os possuo com profunda convicção, sempre haverá um pequenino espaço, para se sentir alguma, também pequenina saudade ( nesses tristes momentos) da época em que os castigos corporais eram permitidos nas Forças Militares. Em uma situação como essa , por exemplo, nada melhor e eficaz que a aplicação de pequena dose de surra de CIPÓ GURUMGUMBA ou CAMARÂO, para fazer os despundonorizados  militares voltarem a realidade fática castrense e respeitarem novamente o que ainda representa a Gloriosa Bicentenária Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, tudo a exemplo do saudoso Maj PM Vidigal , eternizado por uma mão forte empunhando um chicote, cujo lema era " A FIRME APLICAÇÃO DA LEI" ( impresso no  verso da Medalha do 1º Colocado do CAO, Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais).

Cel PM Wilton Soares Ribeiro
Foi Chefe do EMG e Cmt Geral da PMERJ
 

Ontem, 24 de janeiro, seria o aniversário de 65 anos de ALBERTO MENDES JUNIOR, caso ele não tivesse sido assassinado por terroristas no dia 10 de maio de 1970. ...Assassinado por grupos terroristas de políticos que hoje estão no poder e ainda se apresentam como defensores dos direitos humanos... Políticos que tem na memória e nas mãos o sangue desse jovem que foi morto aos 23 anos, amarrado, com a cabeça esfacelada a golpes de coronhas de fuzil. Não se casou, não teve filhos, não viveu e ainda foi totalmente esquecido pela nação pela qual morreu defendendo. CAPITÃO PM ALBERTO MENDES JUNIOR, nos os homens de bem sempre lhe seremos gratos e leais aos nossos ideais..



 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

1ª pele, 2ª pele, 3ª pele, 4ª......

ESCANINHO DE RECORDAÇÕES


No ano de 1999, exercia a honrosa e emblemática função de Ch EMG, Chefe do Estado Maior Geral de nossa PMERJ. Na Revista do Aspirantado da Turma "Trovão",   da APM D João VI, daquele ano, visando inculcar valores nobres no corpo e na alma de  nossos futuros lideres, principalmente dois dos mais importantes,  que são o Amor à Profissão  Policial Militar e o Espirito  de Corpo,  publiquei o artigo abaixo. Espero que tenha atingido pelo menos uma pequena parcela  do objetivo:



                                                                               Jovem Cadete

Por que motivo você  ingressou na Policia Militar ?

Que mecanismo bio- psicológico moveu sua vontade , fazendo-o dar o passo fundamental de sua vida, irreversível?
Não importa mais, voce agora é um dos nossos.

A farda azul, tão, simples em seu desenho e textura, já começou, seja no tatear do 1º Ano, na auto afirmação do 2º Ano ou na precoce maturidade do 3º Ano, a marcar indelevelmente , formando os baixos e altos relevos sanguíneos e aquosos da segunda pele, a pele do soldado da paz, a pele do guardião prático dos direitos fundamentais da pessoa humana.

Longa trilha pela frente, Cadete.
Prepare-se para enfrentar o fogo  impiedoso do inimigo da sociedade, o traficante de drogas. O brilho da faca do que rouba pela fome. A hipocrisia da sociedade. A falsa batida nas costas dos vazios de caráter. A improbidade travestida de falso moralismo , dos anões morais a exigirem sua ação tolerante com eles e a implacabilidade com os desafortunados. A estar acima das intempéries , da fome, do cansaço, da ausência da família, das frustações. A necessitar de uma bússola sempre bem imantada que o permita seguir incólume pelo pântano de areias movediças, das mais variadas conceituações e interpretações de ordem pública.

Longa e complexa trilha , Cadete, a de aplicador da lei, mas voce conseguirá explorá-la  e dela fazer  o santuário de sua missão.

A alma mater de nossa Organização, a Academia , preparou-o ao longo de três intermináveis anos , para superar todos os obstáculos que possam vir  a se  antepor  à  sua missão de soldado do bem.
Confie em si, tudo dará certo.

Transija com pessoas , mas nunca com os princípios que a Escola o amalgamou, eles devem ser os seus parâmetros de comportamento, atitude e postura. Serão sua identidade.

Questione, busque a verdade, corra riscos. Toda a sua vida voce estará a se preparar para a nobre missão de comandar, e não existe o exercício de comando puro sem a vertigem dos riscos.

Treine sempre e pratique mais ainda,  a difícil arte de estabelecer e atacar prioridades.

Aguce a capacidade de perceber mudanças nas pessoas e na ambiência que o cerca. Identifique tendências , acostume-se e sinta orgulho de viver e exigir que vivam sob o império da lei.
O homem da lei não teme a lei , ela é sua mais fiel amiga.

Observe e aprenda com os velhos soldados , são como urutaus ( jacaré velho), imóveis, petrificados, mas que,  no momento e pelo motivo certo, são, capazes de, com um golpe de cauda, mudarem o curso de um rio, por isso os animais da floresta os admiram.

Não desrespeite e nem abandone seu Povo, é em função dele que sua profissão , seu papel social existe.

Seja orgulhoso, e não esconda de ninguém o orgulho de ser um Policial Militar.

Seja feliz , e que Deus o proteja e ilumine.

Wilton Soares Ribeiro

Cel PM Chefe do EMG

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Mais um momento perigoso para nossa PM, ou, Em um Estado Democrático de Direito o Policiamento Ostensivo tem que ser para todos,ou Não a privatização, ou Misericordia XXXIII.


Desde que li, mês passado, ( Dezembro de 2015), a nova iniciativa de nossa PM no combate a criminalidade , denominada " Operação Segurança Presente", nos moldes apresentados pela FECOMERCIO ( Federação do Comercio do ERJ ), não houve como não brotar mais uma ruga, das centenas existentes, de preocupação institucional. Ficou nisso. Meu manual de postura, continua prescrevendo que nossa PM deve sempre e sempre ser defendida, só, e acabou. Mas, após, continuadas interpelações,  através  muitos companheiros de caserna, que não abriam mão  de saber minha opinião a respeito do assunto, não mais pude calar-me. Não é uma crítica destrutiva , nunca fiz, e nunca farei. O máximo a que cheguei  até agora  foram  algumas exortações e/ou conclamações ou chamamentos.  Mas , às vezes, aliás muitas e muitas vezes, o poder cega, e a brutal pressão diuturna da cada vez maior demanda criminosa, não só cega, como arranca os olhos, provocando atropelamento de princípios e convicções  institucionais, que sempre,  em determinado momento futuro,  cobram  caro aos Chefes, mesmo que as ideias e os planos tenham sido elaboradas e executados com a melhor das intenções. Quero crer inclusive, que foi com a melhor das intenções que a PM mordeu a isca que lhe foi apresentada pela FECOMERCIO, mas..... Então,  minha humilde contribuição  é apenas para tentar trazer um pouco de luz ao  inquietante e nebuloso problema . Só isso. 

 Pela minha ótica , esta iniciativa  esbarra na legalidade, moralidade  e  está eivada de carga pesada com fortes tinturas   de traição institucional, a saber: 1.Sob a ótica da legalidade , deixa a desejar  , porque, principalmente ,  a Segurança Pública é dever indelegável do Estado. O máximo que se tergiversou até hoje,  foi com respeito a algumas situações de POE ( Policiamento Ostensivo Extraordinário), como por exemplo, Policiamento EXTRAORDINARIO, portanto exceção, em grandes eventos como Maracanã, onde o Estado através da PM, recebe uma contrapartida oficial, ou deveria receber,   em se tratando de eventos fechados de caráter particular. Ora, o  dever do Estado através de sua Policia Militar é de proporcionar segurança a TODO O POVO, esteja ele onde estiver, em qualquer centímetro quadrado de nosso território, e não somente para aqueles espaços e aquelas determinadas pessoas que possam pagar. Para isso a Lei concedeu às PM a primazia e a exclusividade do Policiamento Ostensivo. Cabe inclusive perguntar se as Policias Judiciarias, Civil e Federal , se fosse o caso, aceitariam terceirizar, privatizar,  semi-miliciarizar a investigação, o Inquérito Policial ? O MP aceitaria terceirizar a persecução penal, e o Juizado delegar a sentença ? Creio que não. É altamente preocupante, pois, antes, em passado recente , os recursos em homens  e equipamentos  não mais foram destinados  a nosso Interior, nossa Baixada ( se não fosse inclusive, a iniciativa de algumas  heroicas Prefeituras ,  que investiram pesado,  por conta própria e patriotismo,  em segurança pública , a situação estaria muito pior ), assim como também nada foi direcionado em efetivo e demais recursos,  para  algumas regiões da Zona Norte e Oeste do próprio Município , privilegiando sim ,  setores especiais do Município do Rio de Janeiro, ao serem concentrados em  determinadas áreas geográficas, 90%, durante 8 anos, dos recurso humanos e materiais das Policiais Estaduais. Agora,  como se não bastasse,  deixa-se  de priorizar   o citado Município como um todo, em nova dita versão de combate a mancha criminal ,  dando especial prioridade  em recursos , a alguns setores geográficos de interesses comerciais, ou semi-comerciais. Onde isso vai parar ? Criar estruturas assemelhadas a milícias coloridas , pode estar adquirindo viés de beirar a improbidade administrativa. 2. Ao analisarmos sob os ditames da moralidade, deixa a desejar mais ainda, porque, abre campo para a perigosa subjetividade, criando condições para atingir malevolamente , o principio do decoro no trato com a coisa pública, dando azo , pela falta inclusive de transparência, que juízos maledicentes passem a percorrer o seio da Tropa, em seus sagrados espaços dos Alojamentos, Ranchos, Patios de Formatura, Viaturas, etc. Que historia é essa de lançar nossa Tropa a incômoda situação de receber dinheiro de particular para cumprir a sua missão constitucional de patrulhar as ruas, os logradouros públicos, perseguir e prender  os criminosos?  Onde vai parar a moral do Chefe, tendo em vista que estamos a recompensar o oficioso?  E a cadeia de comando oficial? E a bússola da moral, apontará para onde ?  O homem fardado não pode ter dúvida da virtude a perseguir sempre, afinal de contas aprendemos em nossas Escolas , que a mulher de Cezar deve ser e também parecer honesta, sempre. Onde a  independência do processo decisório ? O pundonor militar ? O respeito mútuo Tropa X Cmt ?  O tão saudável, fundamental e necessário olho no olho ? É correto deixar nossos homens receberem ordens do comerciante da esquina? Do gerente do Shopping ? Do açougueiro do Quarteirão? Sim, tal iniciativa está, infelizmente,  a receber tinturas no mínimo de dubiedade,  no tocante ao pudor institucional . O tecido da servidão publica militar está sendo esgarçado de maneira vexatória, em estado de tensão máxima , e quem sabe irrecuperável. A virar modelo sistêmico, será o tiro de misericórdia na bicentenária PM, seus pilares básicos da hierarquia e disciplina estarão feridos de morte, haja vista que na hora da divisão do butim não existe hierarquia, e muito menos  respeito, principalmente levando-se em conta a " teorias da primeira bicada" e a do " frenesi alimentício".   3.  Quanto a traição institucional, não há o que questionar,   porque a bicentenária Policia Militar de Vidigal e Castrioto não merece isso. Não merece ver seus homens travestidos de sereias, meio fardados, ornitorrincados, com berrantes coletes civis marqueteantes, a fazerem o trabalho que qualquer P/3 ( Oficial de Planejamento local) planejaria em sua Área de responsabilidade, com ARCABOUÇO LEGAL OFICIAL, desde que tivesse meios para isso, é lógico. Com seus homens envergando a honrosa farda azul, ainda com cheiro de  rubro sangue dos heróis tombados na Guerra do Paraguai, e recebendo dos cofres de seu patrão oficial, o Estado do Rio de Janeiro. Sim, queremos o punhado de sal, de nosso salario, vindo dos cofres públicos, como qualquer Policia do mundo. Não, a " Rainha das Ruas", a Policia Ostensiva mais antiga do Brasil, quiçá do Cone Sul , a Policia de Assunção, João José de Brito, Montezuma,  Pardal, Brutus, Caxias, Hermes da Fonseca, Nazareth Cerqueira ,  Elysio, Gonzaga, Vidal, decididamente não está à venda. Não merece passar por mais essa traição. Dizemos não, a privatização da PM. Por favor, não transmitam e institucionalizem,  como normal , para os nossos Cadetes da APM D J VI, e nossos Alunos do CFAP, nossas "Células Mater", este terrível mau exemplo, caracterizado pela "Operação Segurança Presente", nos moldes elucubrados pela FECOMERCIO . Incluo aí as outras operações assemelhadas, Barreira Fiscal, Lei Seca, Lapa Presente , etc , onde  a alquimia administrativa /operacional, consegue cada vez mais distanciar o nome da bicentenária PM dos méritos alcançados , mesmo a estrutura sendo da  PM até  a alma.  Urge fazer com que  nossos celeiros de lideres e auxiliares,   saibam   urgente, que foi apenas um lamentável equívoco. Ainda está em tempo. Novos ares benfazejam  nossa PM. Ventos imediatos   e jovens sempre trazem otimismo. Nossos lideres maiores estão chegando,  trazendo esperança e sinalizando dignidade.   A pergunta que não quer calar é: A quem interessa essa afronta institucional? Qual o real motivo e o interesse/objetivo disso tudo? Lamentável, extremamente lamentável. Viva a PM !!!!!!! Seellvvva !!!!!

PS- Seria bom perguntar aos peruanos como terminou a tão elogiada, à época, " Operação Serenade", lá na terra Inca. A história nos mostra que toda vez que apresentamos um ser , com rabo de jacaré, boca de jacaré, dente de jacaré e dizemos que é um esquilo ou colibri,  sempre dá problema......

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

DESIDERATA

  ESCANINHO DE RECORDAÇÕES

Na esquina das Ruas Barão do Amazonas com Feliciano Sodré, no Centro de Niteroi, foi construído um Quartel, para servir de Base a nossa antiga Cia de Metralhadoras. Na década de 50, após obras de modernização, lá,  foi instalada nossa antiga e saudosa EsFO ( Escola de Formação de Oficiais) da Policia Militar do antigo Estado do Rio de Janeiro. Tempo que passa. Já em 1975, por força da Fusão, nova destinação, é implantada a não menos saudosa ESPM ( Escola Superior de Policia Militar). Infelizmente hoje, naquele sitio sagrado, apenas um cinzento pátio particular de containers.

Absurdamente, nossa Escola de Coronéis, nossa ESPM, virou ESMA ( Escola Superior do Moinho Atlântico).

Era uma Escola de excelência. recebíamos companheiros  de Co-irmãs de Policias fardadas, não só de todo Brasil, como do Cone Sul.

Porém, a real intenção dessa postagem, é mostrar com foco nesse grau de excelência, que até as matérias voltadas a Metodologia Cientifica, não abandonavam os parâmetros do coração e da alma, conforme documento a nós distribuído, no  CSPM ( Curso Superior de Policia Militar) no dia  31/10/1991, pela competentíssima e saudosa Professora daquela disciplina,  Ana Boechat, com o titulo de DESIDERATA, escrito em 1692, mas com impressionante atualidade, cujo original, para meditação, segue abaixo:

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Fator Selva sempre presente. O exuberante Pantanal Matogrossense sempre a oferecer gratas surpresas.


Uma árvore no fundo da água

Luciano Candisani


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Uma árvore no fundo da água

por Luciano Candisani em 28 de fevereiro de 2013

Árvore submersa próxima a margem do Rio Touro Morto, durante uma das maiores cheias da história
No post anterior, mostrei a fotografia de uma nuvem de tempestade impregnada de uma forte mensagem sobre o poder das chuvas no Pantanal. É um “rio voador”, me disseram, depois, leitores especialistas no assunto.  Hoje, neste segundo texto da série com as histórias das fotografias do livro Pantanal, na linha d’água*, não me distancio do tema do regime hídrico na grande planície e tampouco daquela nuvem peculiar.
Essa árvore submersa fora fotografada no dia seguinte àquela tormenta, em 8 de junho de 2011, no mesmo rio, o Touro Morto, durante o auge de uma das maiores cheias já registradas na região.  Na minha visão, essa imagem da árvore  também apresenta claramente a água como o elemento controlador da vida pantaneira.
Pelo menos foi isso que senti quando, mergulhando nos campos alagados para além da margem afogada do Touro Morto, notei essa planta típica de terreno seco com sua copa visitada por peixes. Foi “amor à primeira vista”, mas chegar na composição ideal foi um desafio à paciência: um emaranhado de cipós, raízes e vegetação aquática formava uma barricada caótica ao redor da cena e a visibilidade da água não passava de dois metros.  Qualquer tentativa de produzir uma imagem minimamente organizada e clara passava por vencer esse obstáculo – e sem levantar o sedimento do fundo, para não turvar ainda mais ainda a água.
Com muito esforço cheguei na posição apropriada me esgueirando na trama vegetal. Cheguei, mas sem vencer os cipós. Ao contrário, fiquei completamente enroscado neles e, pior, levantei uma densa nuvem de “poeira” que reduziu meu campo de visão a um palmo.
Essa manobra toda, dificultada pela forte correnteza do rio, durou cerca de 40 minutos e consumiu todo o ar que restava no meu cilindro de mergulho. Quando finalmente a “poeira” assentou, já não vinha ar no regulador, cilindro zerado. Mas como o local era muito raso, pouco mais de um metro, coloquei o snorkel na boca  e passei a respirar por ele. Tomava o ar na superfície, baixava lentamente o corpo, fazia uma foto, voltava a  superfície, baixava de novo tentando não mexer o fundo, esperava um pouco, outra foto.
E foi assim, depois de hora e meia nesse procedimento cômico, com frio, fome, um cilindro de ar vazio nas costas, preso numa rede vegetal e respirando precariamente por um snorkel, que consegui a composição que imaginei quando vi aquela árvore no fundo da água.
* O livro Pantanal, na linha d’água será lançado no dia 14 de março às 19 horas, na livraria Fnac da Avenida Paulista.

Para chegar até a árvore, foi preciso vencer esse emaranhado vegetal

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Vamos falar de maconha?

O artigo abaixo foi postado pela Professora Mina Seinfeld Carakushansky em Janeiro de 2014. É  antiga amiga da PMERJ, notabilizada por seus estudos acadêmicos abrangentes a vários campos das atividades humanas e sociais. Como é tema sempre atual, creio ser leitura obrigatória para todos aqueles que se preocupam com os problemas das drogas em nosso Estado e Pais.


publicação de Mina S. Carakushansky.
Bravo!!! Cara Prof Mina Seinfeld enquanto pessoas como a Senhora estiverem no front, nem tudo estará perdido. Obrigado em nome de todos os que me são caros.
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Mina S. Carakushansky
VAMOS FALAR DE MACONHA?
Mina Carakushansky — 11 janeiro 2014 Vamos Falar de Maconha?
Há mais de 20 anos venho atuando na área de redução da demanda de drogas, n...o Brasil e no exterior, tendo sido inclusive a primeira Secretária Especial de Prevenção à Dependência Química da Cidade do Rio de Janeiro. É com tristeza e desencanto que acompanho com atenção as discussões em foros nacionais e internacionais, lendo e analisando nos últimos meses artigos cada vez mais contundentes de figuras emblemáticas do nosso cenário nacional, com visões políticas muitas vezes até similares às minhas, mas que, surpreendentemente, aderiram ao discurso favorável e entusiasmado da legalização da maconha. Algumas delas tentam inclusive mostrar a conveniência de se liberar não só a maconha, mas todas as drogas. A tristeza abate-se principalmente, por ver que um assunto tão importante, e que exige ser tratado com enorme seriedade é abordado com afirmações que, parcial ou até mesmo totalmente, não correspondem à realidade. Ad nauseam se utilizam da repetição de mantras, tais como: “a guerra contra as drogas fracassou”, para tentar convencer os desavisados. O que está havendo senão uma guerra de egos e vaidades, enquanto as vítimas do consumo de drogas continuam sendo produzidas em larga escala? Por isso decidi trazer minha contribuição ao debate, objetivando jogar um pouco mais de luz sobre os gigantescos e sombrios problemas que envolvem este tema.
A premissa essencial para uma discussão séria é ter bem fixado e presente, que o cérebro não faz distinção entre drogas lícitas e ilícitas. Mas, com as informações que recebemos antes sobre elas, podemos escolher usá-las ou não. Contudo, uma vez permitida a sua entrada e atuação no cérebro, então ele, já comprometido, não conseguirá distinguir entre o que é certo ou errado. Que não haja dúvidas, portanto, que os efeitos bioquímicos e sociais do consumo de drogas não dependem de modo algum de opiniões ou de desejos pessoais, de propaganda, atos públicos, votos ou passeatas.
Sabe-se que o lobby pró-droga teve um avanço significativo explorando o sofrimento de pacientes com doenças crônicas através de falsas promessas de que a maconha era um remédio. Existem vídeos produzidos por entidades sérias, e que estão disponíveis para quem quiser se deter mais profunda e seriamente sobre o assunto, em que alguns líderes precursores deste movimento, se utilizaram desse estratagema, confessando em ambiente restrito e entre as partes, que estão empurrando a maconha como remédio, como parte de um plano para torna-la legal e de uso geral. Infelizmente, o real objetivo dessas pessoas é o mercantilismo. Hoje e sempre, eles lutam para tornar a maconha socialmente aceitável e pueril apontando para falsos aspectos lúdicos e terapêuticos (sem comprovação); amanhã, certamente tentarão empreender com a mesma disposição, um movimento para a legalização de outras drogas.
Os promotores da maconha medicinal dizem que ela é um remédio eficaz para náuseas associadas à quimioterapia de câncer. A verdade é que os oncologistas em sua esmagadora maioria rejeitam a ideia de prescrever aos seus pacientes que fumem maconha, pois sabem que esta droga possui em seu estado cru mais de 400 elementos químicos diferentes, muitos dos quais são tão ou mais cancerígenos do que o cigarro. O THC, principal ingrediente ativo da maconha é apenas um desses elementos.
Não é contraditório afirmar que os pesquisadores já conseguiram identificar na maconha, diversos elementos que poderiam ser benéficos no tratamento médico de alguns males. Mas, apesar de encontrarem essas propriedades medicinais, isto não significa que irão recomendar aos pacientes o uso da droga em estado bruto, pois sabem que existem distintas cepas com potências variadas, e que muitas vezes, são impregnadas com outros elementos químicos que aumentam consideravelmente os níveis de nocividade em quem as consome. Nenhum médico competente recomenda ao seu paciente, já identificado com um quadro de derrame cerebral, por exemplo, que ele seja picado por uma cobra venenosa porque o Instituto Butantã descobriu no veneno o antígeno para combatê-lo, ou ainda, que seu paciente tome urina de éguas grávidas, em vez de tomar o seu derivado, o Premarin, como substituição de estrogênio. São os medicamentos derivados desses elementos naturais, que são processados, purificados e testados para os padrões de eficácia e pureza, permitindo que o paciente os utilize na dose prescrita corretamente.
Embora já existam disponíveis nas farmácias, remédios sintéticos da maconha na sua forma pura e padronizada, e que podem ser prescritos sem problema, essa é frequentemente, a última opção dos médicos, porque sabem que há muitos outros medicamentos, e muito melhores, já disponíveis. Todas as Associações médicas internacionais rejeitaram o uso da maconha na sua forma bruta como remédio (observações análogas podem ser feitas a respeito do glaucoma, da síndrome de caquexia associada com AIDS, e outros).
Durante os anos 1960 o teor do THC (o elemento psicoativo da maconha) variava entre 0,5 e 1,5%. Hoje em dia, esse teor é superior a 10%, e muitas variedades de híbridos contém até 30% e até mesmo 50% de THC na maconha comercializada. É uma característica do usuário (adicto) o desejo de consumir drogas cada vez mais potentes, mesmo que não sejam “puras”. Esta ávida busca pela potencialização dos efeitos da maconha é um fator importante, pois torna o seu consumo uma das principais causas de consultas e internações nos consultórios e salas de emergência médica e psiquiátrica, em hospitais e clínicas de recuperação de drogados. Já são comuns casos de crianças de 10 ou 12 anos em tratamento por dependência da maconha. É o ser humano em sua forma primitiva testando seus limites. É antigo e recorrente o debate entre os que sonham com um mundo livre de drogas e aqueles que desejam um mundo com liberdade total do seu consumo. Cada lado tem suas próprias razões.
Recentemente, foi veiculado um programa sobre o uso de drogas, em um canal de TV por assinatura, onde se percebia claramente que a produção fora influenciada pelo lobby pró-drogas. Assim, logo na abertura, para impressionar o espectador, o narrador começou afirmando: “O uso da maconha é muito antigo na humanidade e bastante generalizado hoje em dia. Cerca de 280 milhões de pessoas no mundo usam maconha.” Que multidão! Impressionante, não é mesmo? Agora, façamos as contas: 280 milhões representam apenas 4% da população mundial. Não seria mais honesto se a narrativa começasse: “Você sabia que 96% da população mundial não faz uso da maconha?”
A política de drogas de um Estado não deve escolher entre: Proteger a saúde dos cidadãos (controle de drogas) X Garantir a segurança da população em confrontos com o tráfico (legalização/liberação das drogas). A sociedade deve ter a Saúde protegida tanto quanto garantida sua Segurança.
Imaginemos por um momento o que a falta de contenção ao uso das drogas acarretará em países onde há grave insuficiência de prevenção realmente séria, e onde há ainda menos possibilidades de tratamento para todos os que dele necessitem como ocorre em quase a totalidade da América Latina. Será que é difícil perceber que a legalização das drogas trará com ela uma epidemia quase incontrolável da população, criando um exército de zumbis dependentes, uma vez que, está provado que ao se flexibilizarem as políticas sobre drogas, os jovens interpretarão isso como uma anuência tácita do Estado e da sociedade de que esse uso não é prejudicial? Entre muitos países e cidades, cito como exemplo dessa relação perniciosa o que ocorreu anos atrás em Portugal, Suíça, Inglaterra, Vancouver e Baltimore, e mais recentemente, o que está acontecendo em Washington e no Colorado. Em um mundo de drogas livres, os mais abastados podem dar-se ao luxo de obter tratamentos quase sempre longos e caros para si ou para os seus familiares dependentes, enquanto os mais desfavorecidos social e economicamente, se veem condenados a uma vida de dependência sem que o Estado possa dar conta de uma demanda sempre crescente. As estatísticas publicadas dos próprios governos corroboram esse fenômeno.
Existem países onde o consumo de drogas ainda é severamente punido, mas na quase totalidade dos países democráticos do mundo, embora as drogas não tenham sido legalizadas, há muito tempo que o usuário não vai para a cadeia. As estatísticas das populações carcerárias da América Latina, e mais especificamente do Brasil, provam esta afirmação. E os que estão na cadeia associados ao uso de drogas, em quase todos os casos estão ali por terem cometido crimes muito mais graves, muitas vezes praticados sob a influência dos efeitos químicos das drogas, diga-se de passagem.
Embora não seja favorável à legalização de qualquer droga, também não considero que o usuário deva ir para a cadeia, ao contrário, defendo uma política restritiva, punitiva e educativa, mas não com o encarceramento, pois existem muitas outras medidas que, se aplicadas com seriedade e controle (pelos Tribunais de Drogas, por exemplo), também são eficazes para o tratamento e a recuperação dos dependentes de drogas. Penso que esta ideia deve ser amplamente discutida e melhorada, devendo existir algum tipo de punição (e não um mero arremedo ou “faz de conta”), excluindo, entretanto, o recolhimento a uma cadeia pública, ainda mais, com toda a falta de infraestrutura existente no nosso país, e que é de conhecimento de todos nós.
A prevenção às drogas deve ser feita de forma continua e com muita seriedade, com mensagens claras, mostrando que a busca pelo tal “caminho da felicidade”, por exemplo, consiste na pessoa poder usufruir e alcançar o máximo de suas potencialidades sem perder o controle de todas as suas faculdades mentais; sem que estas sejam alteradas por agentes externos. Sim, é um equívoco pensar que todos os que usam drogas se transformam em dependentes, apáticos, inúteis, ou agressivos. É fato, que alguns adultos conseguem fazer uso da maconha de forma tranquila sem deixar de funcionar razoavelmente bem no convívio com a sociedade. Mas, esse universo é pequeno, daí a intensa preocupação com os jovens e com uma iniciação precoce. O X da questão para nós que defendemos a prevenção às drogas, é que nunca se sabe a quem essa dependência “vai pegar”, e com que intensidade e forma isso se dará. As crianças e os adolescentes são sempre os mais vulneráveis por estarem ainda em processo de formação. Por exemplo, vem sendo comprovado, nos últimos três anos, principalmente, através de diversos resultados de trabalhos acadêmicos em universidades e institutos de pesquisa renomados, a correlação que existe entre o uso de maconha e a manifestação de um processo de esquizofrenia e até de psicose. Há pessoas que tem já tem no seu DNA essa propensão. Mas se essa mesma pessoa não usar maconha, esse gene não se manifestará e o indivíduo não se tornará um esquizofrênico ou um psicopata.
É interessante observar que, em geral, o grupo dos que defendem a legalização e que têm em seu seio, precipuamente, artistas, economistas, usuários de drogas, militantes políticos, etc., defendem o direito de cada cidadão fazer o que bem entender com o próprio corpo, dentre estes, há os advogados que, ainda consideram estar defendendo os direitos humanos dos usuários de drogas, e alguns políticos que se declaram favoráveis, pensando em granjear para si a simpatia de jovens eleitores recém-iniciados na vida pública. Há ainda, dentro deste grupo, outra parcela cada vez maior e mais vocal, mas não menos nociva, que é a dos empresários que já exploram, de alguma forma, esse mercado, ou que estão ávidos por saírem da clandestinidade para entrarem na legalidade, objetivando o milionário mercado de cultivo, produção e/ou distribuição das drogas. São todos meros cidadãos, até onde se sabe bem intencionados, mas que desconhecem o âmago do problema e a gravidade do que esta mudança certamente trará. Por outro lado o grupo dos que se opõem à legalização, mas que em geral não têm o mesmo acesso aos meios de comunicação de massa que o grupo anterior, é formado por profissionais da área de saúde ou da segurança, trabalhadores de todas as categorias, professores, pais de família, líderes religiosos, etc., e que visam uma juventude sadia, trabalhadora, atuante, comprometida com o bem-estar da sua sociedade, e que desejam contribuir para a construção de um país mais saudável e justo. Que fique ressaltado que a maioria dos brasileiros, assim como os uruguaios, norte-americanos, holandeses, suecos e tantos outros povos que já testaram ou ainda estão prestes a testar uma nova política de enfrentamento das drogas, são, em sua maioria, segundo enquetes estatísticas, contrários à legalização ou liberação da maconha e de outras drogas ilegais.
Isso nos leva a pensar que os fundamentos para a construção à qual me refiro pode ser analogamente similar a uma parede infiltrada em que se tenta esconder, com massa e tinta, as bolhas fétidas e amareladas. Ora, o cano que passa por trás dessa parede continuará furado, portanto, produzindo mais bolhas até que se rompa. Não é mais inteligente e coerente que o morador descubra de onde parte o problema e o conserte, em vez de remendar e viver maquiando os resultados desagradáveis que a infiltração provoca? O que ele espera? Que a parede caia e toda a estrutura fique comprometida?
Apesar de alguns articulistas reconhecerem os riscos (muitos) das medidas estatizantes tomadas pelo vizinho Uruguai, e de algumas medidas liberais tomadas em alguns estados americanos, identifica-se na atualidade a possibilidade de um caminho alternativo para as políticas sobre drogas. Minimizam o potencial desta medida. Mas qual é o potencial de uma medida como essa, senão a destruição do núcleo familiar em larga escala, e em tão pouco tempo? Como compreender a irresponsabilidade de se defender um assunto tão sério baseado apenas em comentários e parte de citações e chavões repetidos aqui e acolá? Do que estamos tratando, afinal de contas? De coisas ou de pessoas?
Alguns dos que defendem a legalização/liberação das drogas são suficientemente magnânimos em reconhecer que existem outras prioridades na fila, mas não se furtam a apoiar uma empreitada em que o Brasil seria cobaia de algo que, até agora, não obteve nenhum sucesso real na sua aplicação em outras épocas e em outros países. Quanta contradição, não é mesmo? Não importa que sejam cidadãos norte-americanos, europeus, asiáticos, sul-americanos, ou mesmo nós brasileiros. Importa que, sentados confortavelmente sobre suas cadeiras, e instalados em belos escritórios climatizados, atestem e defendam que todos sejam usados como ratos de laboratório. Se muitos dos testados tiverem suas vidas destruídas e suas famílias destroçadas, isto será apenas um detalhe. E tudo para quê? Apenas porque querem provar na prática o que não conseguem provar cientificamente. Ora, quando irão despertar dessa “onda” e reconhecerão e enxergarão que vidas humanas estão sendo disponibilizadas só para defenderem este falso conceito? Pior, para fortalecerem a argumentação recorrem ao subterfúgio de citar alguns economistas de renome internacional:
“… ser livre pode significar a liberdade de passar fome, cometer custosos erros, ou correr riscos mortais.”
Friedrich August von Hayek.
Contudo, esquecem que ser livre, deveria implicar em cessarmos os nossos direitos, imediatamente ao começarem os direitos dos outros. Quebrar as regras do bem comum porque se quer ser livre é ignorar a liberdade do outro em não querer ser atingido por essa escolhas. O benefício econômico que defendem irá compensar o prejuízo da saúde de toda a sociedade? Será que desconhecem que não é só o drogado que necessita de tratamento, mas também todos os seus familiares? E o custo disso, quem paga?
Outro economista muito citado é Milton Friedman, que defende o minimalismo sobre a questão econômica ser legal, mas despreza as graves consequências que isto pode produzir com gastos excessivos em saúde pública. O que ele sugere então? Que abandonemos todos os dependentes químicos e os seus familiares ao léu? Como ficam, por exemplo, os cidadãos que não querem se imiscuir com drogados?
“Não somos Deus para viver a vida dos outros ou salvar pessoas que não querem ser salvas.”
Thomas Sowell e Gary Becker.
Ora, deixar que dependentes químicos, físicos e alterados psiquicamente, portanto, sem qualquer independência para analisar a própria escravidão em que vivem por causa das drogas, decidam por eles e pela sociedade, que todos devem seguir por uma estrada escura e cheia de surpresas desagradáveis, é condenar não somente eles, mas todos nós à morte, uma vez que nos tornaremos reféns de condutas antissociais praticadas por indivíduos que quebram todos os códigos de ética e moral, porque já perderam o referencial, e já não discernem mais sobre o que é bom ou mau; o que é bem ou mal, e o que é o certo do errado.
“A aplicação das leis custa caro, é difícil e gera resultado ineficiente.”
Gordon Tullock.
Então que se extingam as leis caras e difíceis de serem aplicadas, não é mesmo? Mas, o que irá sobrar? Os legisladores agora criarão leis para abaixar as temperaturas em dias de verão, e por decreto irão aumenta-las em dias frios? E se elas não forem cumpridas reclamemos todos com a Providência Divina? Isso nos fará baixar os custos e gerar dividendos por não precisarmos pagar honorários advocatícios, ou salários para os juízes, por exemplo? Seremos ricos assim? Que tipo de desonestidade intelectual esta sendo praticada contra a sociedade?
O enfrentamento às drogas é como uma carreta muito pesada descendo uma ladeira íngreme. Ora, se quem está no comando do bólido não tiver perícia, arrojo e coragem, e a mecânica também não estiver perfeita, ela pode virar ou descer desgovernada. É preciso que o freio de mão, o pedal de frenagem, e o engate de uma marcha de força que potencialize o freio motor sejam controlados com destreza até se chegar à parte plana. Se os itens de segurança forem abandonados, quem será o responsável pelo acidente? E se houver vítimas, além do próprio motorista? Viver em sociedade implica em aceitarmos restrições à nossa liberdade individual, e as drogas roubam do drogado a capacidade de decidir livremente. A julgar pelo raciocínio desses economistas por que também não lutamos pela legalização da pornografia infantil, da violação de mulheres, do roubo de carros? É tudo uma questão de economia? Quanta gente será poupada de ser presa nessa contabilidade absurda? Quanta vaga sobrará nos presídios? Quanto dinheiro será economizado? Mas se quer fazer essa economia para quê mesmo?
Há também os que alertam que a experiência com a proibição das drogas aponta para o aumento da demanda e dos preços, estimulando a atividade ilegal, gerando “apenas” (aspas minhas) um efeito negativo moderado no consumo, impondo, vejam só, custos inaceitáveis em termos de taxas elevadas de criminalidade e expansão da população carcerária. Ora, por que não se investe na educação da população, na orientação e esclarecimento das consequências nefastas que as drogas causam? Contrariamente ao que eles dizem nossos presídios não estão repletos de consumidores recreativos. Não é assim nem no Brasil nem em quase todos os países democráticos do mundo. Os argumentos econômicos em favor da legalização não se sustentam, desde qualquer aspecto que se examine.
Nós que lidamos com problemas advindos da esfera de consumo de drogas, sabemos que é muito longa a lista dos malefícios causados pela maconha. Vale mencionar alguns: Problemas de memória e de aprendizagem; distorção da percepção; dificuldade para raciocinar; falta de coordenação; taquicardia; ansiedade e pânico; problemas cardiovasculares; que ela é tão ou mais cancerígena quanto o cigarro; que já há registro de muitos casos de jovens com câncer de garganta, de boca ou de pulmão, coisa que, antigamente, era muito raro de se encontrar; que cerca de 30% dos motoristas envolvidos em acidentes de trânsito usaram maconha, fato comprovado em testes pós-acidente; que o perigo de um motorista causar acidentes no trânsito ou na estrada quando está sob o efeito da maconha é igual ou até superior ao de um usuário de bebida alcóolica; e que, de um modo geral, mais de 60% de todos os jovens em tratamento por causa das drogas são dependentes de maconha.
Alguns governos parecem almejar uma forma paternalista de lidar com o cidadão, pois, através da legalização das drogas passam a mão sobre a cabeça dos filhos e da população. Ora, um pai ou um Estado que não sabe dizer NÃO aos seus filhos ou aos seus cidadãos é em primeiro lugar omisso, mas também permissivo e extremamente nocivo, repassando para o outro cônjuge ou para sociedade, o ônus de todas as consequências funestas que deixou acontecer com quem estava sob a sua proteção. Quem quer anuir com o caos que advirá com isso, tendo responsabilidades e estando com o seu juízo perfeito?
A lista de economistas amplamente citados não para, e tem para todos os gostos. Walter Block, Mary Cleveland, David Henderson, Robert Higgs, Randall Holocombe, Daniel Klein, Jeffrey Zwiebel e Murray Rothbard, entre outros. Cada um com uma linha de pensamento que corrobora para aumentar as dúvidas sobre o tema. Nenhum, entretanto, joga, de fato, luz sobre a questão, ao contrário, só afundam, ainda mais toda a sociedade no terreno pantanoso, quando apontam como solução um caminho onde só há decadência, miséria, e dor. Gritam em uníssono: Liberou Geral! O mesmo grito de Paz e Amor de Woodstock, e que levou milhares de jovens para o consumo excessivo das drogas e à morte prematura. Muitos dos “heróis” desses jovens morreram de overdose.
“O livre mercado das drogas aumenta o bem-estar econômico.”
Walter Block.
Mas, e o mal-estar social que isso provocará não entra nessa contabilidade?
“O mercado negro é perigoso por atrair jovens problemáticos com oportunidades limitadas que acabam se tornando usuários de drogas pesadas.”
Mary Cleveland.
Então em vez de combatermos o mercado negro, de tratarmos os jovens problemáticos, oferecendo apoio psicológico, psiquiátrico e oportunidades de estudo e emprego, liberamos a garotada para que experimentem livremente as drogas. É assim que se resolvem os problemas? Jogamos no colo de imaturos e inexperientes cidadãos a valoração de uma droga, quando nem mesmo eles conseguem valorar a própria vida?
“A maioria dos problemas que as pessoas acham que são causados pelas drogas não são causados por elas em si, mas pelas leis sobre elas.”
David Henderson.
É uma inversão total de valores. As leis proibitivas sobre as drogas surgiram da constatação cientifica que elas causam um mal à saúde da sociedade de forma abrangente. Quem ainda não sabe que, em outras épocas, como no início do século passado nos EUA, as drogas, hoje proibidas, já foram permitidas? Querem convencer-nos agora que os problemas não são causados por elas, mas pelas leis que nos protegem dos traficantes e dos drogados? Ora, não é suficiente que o usuário porte o seu cigarro de maconha? Quantos cigarros de maconha ele precisará carregar para sentir-se tranquilo? Enquanto isso, nós ficaremos cada vez mais intranquilos? É essa a proposta liberal progressista? Quem sabe amanhã ir-se-á lutar para portar um tablete ou um tijolo de maconha? Talvez o céu seja o limite, é isso? Mas a dependência não aumentará? E se os usuários não fumarem tudo que carregam e decidirem repassar ao amigo do lado, com algum lucro ou sem lucro mesmo, isso não é por acaso tráfico ou favorecimento? Quer dizer que eu não posso me opor à quantidade de maconha que um indivíduo quer colocar na sua cabeça, porque isso é um problema dele, mas ele pode interferir na cabeça de um incauto adolescente, ou do meu filho, enganando-o com as promessas de um mundo feliz e descolado, quando tudo o que sobrará no final dessa “viagem” será o seu próprio opróbio? Ele pode perder o juízo e fazer o que quiser contra quem quiser? Mas a alguém sem juízo se pode imputar responsabilidade? Seremos uma sociedade onde uma parcela expressiva será composta por loucos e desvairados? Quem paga essa conta? O Estado omisso, os empresários que atuam nessa área, ou a sociedade que terá que se virar para recuperar seus filhos? Se os limites estabelecidos até hoje não serviram, então a solução é aumentarmos esses limites? E para quanto? Se o céu é o limite, quem sabe me dizer onde este termina? Tente atravessar uma avenida com um forte fluxo de carros em alta velocidade, mas sem um semáforo, lombada eletrônica, ou alguém que controle a travessia de pedestres, e terá aumentado consideravelmente o risco de ser atropelado. Se ninguém em sã consciência se arriscaria, então porque nossos filhos estão sendo empurrados para esta travessia?
Alguém escreveu:
“Os males causados pelas drogas costumam vir do fato de serem ilegais, e não de serem drogas.”
Quem pode levar isso a sério?
É inegável que George Soros impulsionou, desde o começo, uma onda em favor da legalização da maconha, que hoje, parece ser avassaladora. É indiscutível que Ethan Nadelman, seu fiel escudeiro e porta-voz de suas ideias sobre as drogas vêm obtendo relativo sucesso nas frequentes viagens que faz pelo mundo, em especial no continente americano e Brasil, em pronunciamento na Harvard Law School Conference em 21 maio de 1994 declarou: “Não fale sobre a legalização; fale sobre a proibição… Quando esta proibição for derrubada, nós seremos como os aliados após a Segunda Guerra Mundial… O consolo é que os fumantes perseguidos vão se identificar com os viciados em heroína.”
Constata-se que há pouco menos de 20 anos, suas orientações para tolos ouvintes que o apoiavam, já denunciava a gravidade de suas palavras.
“A proibição das drogas cria um mercado negro que a sociedade não consegue controlar.”
Daniel Klein, Jeffrey Miron e Jeffrey Zwiebel.
Talvez, seja difícil acreditar que alguns economistas desconheçam os últimos resultados das pesquisas feitas na Holanda, Inglaterra, Austrália e Suíça, por exemplo, sobre a política pública de enfrentamento às drogas, mas já é amplamente divulgado que esses países reconheceram o seu erro estratégico e recuaram. A Holanda, por exemplo, que se tornou o maior distribuidor de drogas sintéticas para diversos países da Europa e de outros continentes também, vem restringindo e controlando cada vez mais a venda de maconha nos coffee-shops para impedir que estas sejam comercializadas e consumidas em áreas muito próximas a esses estabelecimentos. Todos estão revendo suas políticas públicas. Profissionais destacados em seus países, todos, colegas meus da Drug Watch International, da World Federation Against Drugs, e organizações nas quais milito há muitos anos, descrevem as dificuldades que os governos desses países enfrentam ao querer dar marcha à ré nessa flexibilização das leis que regem as questões sobre drogas. As dificuldades se devem, principalmente, ao fato de já existirem muitos “atores econômicos” envolvidos, os quais não querem entregar facilmente o mercado lucrativo que já conquistaram à custa da saúde de milhões de jovens que perambulam por suas cidades feito zumbis.
Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em 1975, quando a Suécia legalizou a posse e consumo de drogas, o resultado foi um desastre. O consumo aumentou geometricamente, e só no biênio, 1975/1976, o resultado foi tão grave que comprometeu a saúde pública, registrando um o aumento dos crimes funcionais, bem como, o aumento das doenças infecciosas e da violência social. Bem que os intelectuais de hoje poderiam se debruçar um pouco mais sobre o tema e refletir para a mudança de paradigma da própria Suécia, que adotou uma política de Sociedade Sem Drogas, tornando-se o país com a menor taxa de consumo de maconha na Europa. Seus pilares ainda são: o controle da oferta e da procura com intensa ação da Justiça e da polícia (aplicação da lei); prevenção abrangente nas escolas, desde a tenra idade (jardim de infância), ação permanente de conscientização pela não aceitação social do consumo, através de campanhas de sensibilização e de educação familiar; real interesse em proteger o dependente, através de saúde pública e serviços sociais (atenção imediata em todos os aspectos tais como: instituições médicas, legais e sociais).
Para os suecos, quanto maior for a disponibilidade e o acesso às drogas tanto maior será o consumo e a aceitação social. Há um alerta ao primeiro consumo. Há tratamento precoce a partir do aparecimento dos primeiros sintomas de consumo, e todos os partidos políticos concordam em manter esta política de drogas, sejam estes conservadores ou socialistas, a política de Estado é sempre a mesma.
É incompreensível, para não dizer hipócrita e muito preocupante, quando homens considerados os baluartes da liberdade e do patriotismo tupiniquim, sempre tão cuidadosos em suas análises, dão mostras de desconhecimento e desinformação sobre um assunto tão sério. Até quando seremos todos obrigados a fazer essa difícil jornada sem qualquer garantia de êxito, para só então, descobrirmos quão danosa foi a decisão tomada? Precisaremos mesmo tomar esse remédio amargo, quando já descobriram sua ineficácia para a cura desse mal?
“Os crimes cometidos por viciados estão associados aos preços caros das drogas.”
Murray Rothbard.
Seria cômico se não fosse trágico. Então os compulsivos sexuais poderão estuprar profissionais do sexo porque não concordam que o mercado esteja inflacionado? Quem gosta de um bom churrasco está autorizado a se vestir como um infame black block e terá assegurado o seu direito de invadir e quebrar os açougues da cidade só porque não concorda com a tabela de preço determinada pelo livre mercado?
Dia desses, o conhecido articulista Rodrigo Constantino, a quem admiro sob diferentes aspectos intelectuais, escreveu: “Não faz sentido jogar na prisão ao lado de assaltantes e assassinos, que violaram os direitos alheios, alguém cujo único ‘crime’ foi ter fumado um cigarro de maconha em sua própria casa.”
Quem era o assaltante? Por que ele assaltou? Era um drogado que agiu assim para comprar sua droga? É por isso que a legalização e a liberação são defendidas? De que ‘direitos alheios’ o articulista está falando? É no coletivo que ele está pensando, ou só pensa no particular? A sociedade não quer ver seus jovens sendo induzidos a tornarem-se viciados patrocinados pelo Estado porque esta é a nova orientação político partidária, e nem quer que ele fume esta droga em casa, pelo menos não a maioria, pois grande parte se esforça para comprar e transformar seu lar num respeitoso e sacrossanto lugar para que seu filho cresça com valores éticos e morais que o faça ser mais do que um simples dependente químico. Diga francamente: desde que a lei que protege o usuário foi modificada, alguém já foi preso por fumar um cigarro de maconha na praia, na rua, na chuva, na fazenda, ou na sua casinha de sapê? Ou será que o usuário, antes um feliz e inocente consumidor que se contentava com a sua ‘bagana’, deixou de ser um João qualquer e seu nome virou Johnny? Ninguém te contou, mas enquanto você cochilava, o inofensivo usuário recreativo transformou-se num fornecedor, depois num traficante ocasional, até virar um grande atravessador internacional? Uau, isso é que é liberalismo! É essa a proposta de ascensão na pirâmide social?
Vamos ser francos de verdade? Se estivéssemos falando do filho da Dona Maria, a senhorinha que lava roupas para os bacanas, e que cozinha deliciosos quitutes para quem pode lhe pagar pelos serviços, mas que mora em algum lugar sem saneamento básico e infraestrutura, quais seriam as chances do garoto ser solto, virar estrela de filme e ter a sua biografia (autorizada ou não) escrita por um medalhão? Ou será que alguém acredita mesmo que ele receberia um tratamento igualitário como o do político e dono de um helicóptero, por exemplo, carregado com drogas, e que todos se empenham em abafar? Será esse um daqueles comportamentos típicos da “Esquerda Caviar”, ora esquecido intencionalmente nas palestras, artigos ou debates?
“Mas o álcool e o cigarro também são drogas!” Gritarão. É verdade, contudo, usam este argumento sem qualquer embasamento científico, apenas para estabelecer um comparativo que valide a defesa da legalização/liberação da maconha, para depois aprovarem tudo. Ora, o álcool, no Brasil, por exemplo, é legal, e apesar disso, os impostos arrecadados com a sua venda, cobrem menos de 25% dos gastos que o Estado têm por causa de doenças advindas do seu abuso, acidentes de trabalho, aposentadorias precoces por motivo de incapacidade, acidentes ocasionados por motoristas bêbados, filhos abandonados, violência familiar, etc. Quando se alega que o cigarro também faz mal à saúde, e que ninguém proíbe o indivíduo de fumar se ele assim quiser, é verdade, mas parece que se desconhece, por outro lado, o êxito que o país alcançou com as campanhas de conscientização sobre os malefícios causados pelo tabaco. Antes havia 35% de fumantes e hoje esse número caiu para 15%; ou que fuma-se por aqui muito menos do que em países vizinhos ao nosso, tal como na Argentina, ou até mesmo em países da Europa como na Espanha. Quantas vidas já foram poupadas? Precisamos de campanhas de conscientização contra as drogas em vez de lutas pela sua legalização ou liberação.
“Sobre si mesmo, sobre seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano…”
John Stuart Mill.
Essa é uma máxima que todos os defensores da maconha gostam de citar inclusive o Rodrigo Constantino, mas todos se esquecem de dar continuidade ao pensamento do economista ao não se referirem ao parágrafo seguinte, onde ele afirma: “… A única situação que pode justificar que uma coação seja aceitavelmente exercida sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra sua vontade, é quando se trata de prevenir danos dos demais.”
O que fazer com uma cozinheira que decide, por exemplo, colocar todos os dias, um pouquinho de arsênico na comida do patrão porque leu, em algum lugar, que isso combate as toxinas do seu corpo? O que não falta na internet são bobagens desorientando sobre tudo inclusive sobre como fabricar bombas, e claro, sobre as maravilhas da maconha. Ou então, o que fazer se ela decidir envenenar o patrão porque compreende que agindo assim eliminará, de uma vez por todas, o maldito empresário que defende o uso das drogas que ela combate, com o mesmo empenho, dentro de sua própria casa? Como responsabilizá-la por isso? Na primeira hipótese, e eu espero que isso não aconteça com ninguém, e sob nenhuma condição, ela estará exercendo seu livre pensamento para o bem do patrão; na segunda, exercê-lo-ia para o seu próprio bem.
Quantos desses defensores das drogas já se prestaram, em algum remoto dia, a acompanhar a vida de um jovem destruído pelas drogas? Quantos já se ofereceram como voluntários para sentirem bem de perto o drama que vive uma família que perdeu seu filho, não para o traficante, ou no caso, para o Estado patrocinador, mas para a dependência às drogas? Por que será que burocratas sentados em escritórios refrigerados, influenciados por ONGs poderosas consideram que cabe a eles decidir sobre a vida daqueles aos quais jamais chegarão perto? Teriam essas mesmas pessoas, a coragem de olhar dentro dos olhos de um pai ou uma mãe, já devastados pelos efeitos que as drogas fizeram e ainda fazem com seu filho, e dizer: “Deixa o garoto fumar a maconha dele em paz, isso é só uma fase”, ou “Ele só está assim porque vocês e o Estado o proibiram, a culpa é de vocês.” Esses mesmos burocratas assistiriam a derrocada de sua família, mas anuiriam com isso porque é assim que pensam os liberais, ou os progressistas, ou os nossos comunistas tupiniquins? Ora, abandonar os drogados à própria sorte, é ao mesmo tempo proteger o filho do bacana do rigor da lei que pode alcança-lo, desprezando, contudo, o filho da “Dona Maria.” Eles que se virem, assim como estão se virando as famílias dos dependentes de crack?
As bases que fundamentam as argumentações e que apontam para: tolerância demais, liberalidades excessivas, falta de limites éticos, e agora, que se entregue aos que não comandam a própria vida, o controle dela, e da nossa também, foram feitas debruçadas sobre que estudos? A opinião de dois ou dez médicos que defendem o uso das drogas vale mais que todas as Associações e Conselhos de Medicina espalhados pelo mundo que não carimbam este passaporte para o inferno? Um grupo pega as opiniões de economistas liberais, portanto, sem qualquer conhecimento na área da saúde, apresentam gráficos que juram aumentar as receitas do Estado, e desprezam o parecer atual e contundente da Associação Médica Americana, por exemplo, que declara ser a maconha uma droga perigosa, posicionando-se contra a sua liberação, e isso não é levado em consideração? Ora, estamos falando de alterações químicas, físicas e psíquicas que já acontecem naturalmente em cada um de nós, potencializadas pelos elevados níveis de THC. E há quem queira convencer a sociedade que é na mão dessas pessoas que as nossas vidas ficarão à mercê? E tudo isso porque as diretrizes do pensamento político partidário orientam que seja assim? Quem chancela essa irresponsabilidade? Acaso pensam estes senhores que um jovem esperará completar 18 anos para acender o seu primeiro cigarro de maconha?
“Não é porque existem destilarias que as pessoas bebem uísque; é porque as pessoas bebem uísque que existem destilarias.”
Ludwig von Mises
E deitam falação, acusando-nos de preferirmos financiar o PCC ou as FARC em vez de gerar lucros para a Souza Cruz que cria empregos formais e paga impostos. Quem financia o tráfico internacional de drogas? O analfabeto, ‘dono’ do morro ou o ‘barão’ letrado, que mora de frente para a praia, numa cobertura retumbantemente luxuosa, anda de helicóptero para cima e para baixo, e de quebra, ainda é íntimo do poder? Por que não pegam essas pessoas? Nós, o lado mais fraco desta corda, estamos cansados de saber que são eles, muitas vezes, ricos empresários ou funcionários públicos dos Três Poderes, aparecendo quase que diuturnamente em todos os noticiários da mídia falada, escrita, televisada e virtual?
A preocupação principal de todos os que discutem esse assunto não deveria se relacionar apenas com os aspectos econômicos, mas também com o social (saúde, educação e segurança). Conheçam, visitem, e ajudem quem sabe até se voluntariando, às reuniões dos Alcóolicos e Narcóticos Anônimos, assim quem sabe, descubram que, cada dia vivido por um dependente às drogas, é uma batalha árdua sem a menor garantia de vitória. Lutem para que haja mais lisura no tratamento da coisa pública, menos escândalos com desvios de verbas, noticiados quase todos os dias, que sangram os cofres da administração pública; para que sejam aparelhados os estabelecimentos públicos voltados para a educação; para que haja muito mais orientação e informação de qualidade para toda a sociedade; para que as verbas públicas sejam utilizadas na renovação de equipamentos hospitalares e nas clínicas para tratamento dos dependentes, bem como dos da segurança pública; enfim, para criar uma estrutura que não nos envergonhe diante do mundo, adiando mais uma vez a chegada do futuro.
Há muito que se falar, e desde já, convido a todos, leitores e articulistas, empresários e cidadãos, jovens e adultos a participarem de alguma palestra, seminário e evento (sempre gratuitos) promovidos por instituições sem fins lucrativos tais como a ABRAD – Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas, a BRAHA – Brasileiros Humanitários em Ação, o IAB – Instituto dos Advogados Brasileiros, ou de alguma reunião do Amor Exigente, e tantas outras, sobre os efeitos nocivos da maconha e das drogas de um modo geral.
Entre tantos sites que abordam o assunto com farto material informativo sobre as drogas, faz-se necessário discernir com acuidade o joio do trigo. Recomendo para tanto, que visitem também e principalmente os seguintes:
ABRAD – Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas - www.abrad.orgABEAD – Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas – www.abead.com.brBRAHA – Brasileiros Humanitários em Ação – www.braha.com.brDrug Watch International – www.drugwatch.orgNational Drug Prevention Alliance – www.drugprevent.org.ukNIDA – National Institute on Drug Abuse – www.nida.nih.govWorld Federation Against Drugs – www.wfad.se


“O uso de substâncias psicoativas é uma grande ameaça para todas as comunidades do mundo e às gerações futuras, e é por isto deve ser evitado, e não estimulado.”
Mina Seinfeld de Carakushansky
Devemos nos empenhar em cobrar o cumprimento das leis e não a eliminação delas. Cuidemos de salvar os cidadãos de bem das drogas, antes que eles virem criminosos pelo efeito que elas produzem. Nós somos a sociedade! Ou corrigimos isso agora, ou não conseguiremos pagar essa conta. E acreditem: nenhum desses, que hoje defende a legalização/liberação da maconha se habilitará a nos ajudar em caso de revés, seja porque se omitirá, seja porque o efeito dessa droga já o terá consumido.
Mina Seinfeld de Carakushansky
Presidente da BRAHA – Brasileiros Humanitários em Ação.
Diretora Geral de Prevenção da ABRAD – Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas.
Diretora da World Federation Against Drugs & da Drug Watch International.
Membro da Comissão de Prevenção às Drogas do IAB – Instituto dos Advogados Brasileiros.
Membro da Comissão de Políticas sobre Drogas da OAB
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Assassinato de Policiais Militares, ninguém aguenta mais !!!!!!!!!!!

 



Wilton Ribeiro
12 de janeiro de 2015
Sei que é um artigo longo, e talvez até tedioso, principalmente para aqueles que nunca ouviram o zumbido inquietante de " abelhas de aço" passando a centimetros de sua cabeça. Ocorre que, desde quando foi postado, em Janeiro do ano passado ( 2015), o exterminio de Policiais Militares, em nosso ERJ, só aumentou, inclusive o requinte de crueldade ( PM mortos e esquartejados, queimados vivos, amarrados e arrastados em cavalos, etc ). desta forma julgo oportuno e total dever de justiça, republicar o artigo abaixo, infelizmente atualíssimo. Chega !!!!! Ninguém aguenta mais o brutal e regular assassinato de Policiais Militares.


É necessário " UU " profunda meditação ( e consequente ação ) sobre o abominavel exterminio contra Policiais Militares no Estado do Rio de Janeiro.
Já passou da hora , e muito, para se colocar em pauta geral e prioritária a abominável ação de extermínio cometido contra os Policiais Militares do Estado do Rio de Janeiro.

Solicito que inicialmente leia-se as matérias abaixo a respeito do tema, a primeira, publicada em 8 do corrente em blog próprio, de autoria do Professor, Mestre, Doutor e Coronel de Policia Militar, Jorge da Silva. A outra de autoria da Jornalista Carla Rocha, publicada no Jornal O globo de 29 de novembro do ano passado. Ambas foram republicadas no site da AME-RJ ( Associação dos Militares Estaduais), antigo Clube dos Oficiais da PMERJ e CBMERJ :

Morte de policiais: diferenças
Morte de policiais no Rio e em Nova Iorque
Por Jorge da Silva
Rio. Mais um PM, soldado Caio Robinson Lins, foi morto por traficantes nesta terça feira, 06/01. Desta feita, no Morro de São Carlos, comunidade da Zona Norte que conta com uma Unidade de Polícia Pacificadora – UPP. No ano findo, foram dezenas de PMs assassinados, em serviço ou de folga, mas por serem policiais. A frequência dessas mortes tem tido o efeito perverso de naturalizá-las, como se fosse mera contingência do trabalho policial. Nenhuma comoção, a não ser das famílias, dos companheiros de farda e amigos dos mortos. De uns tempos para cá, a própria mídia passou a reportá-las lateralmente, como se tratasse de assunto sem maior importância. Soldado Caio, mais uma morte na estatística… Triste.
Nova Iorque. Depois de três anos sem que um policial sequer fosse assassinado em serviço (o último caso aconteceu em dezembro de 2011), dois agentes foram mortos enquanto lanchavam dentro da viatura, fato que causou comoção nacional, como mostrado mundialmente na TV nos últimos dias. Foram mortos de surpresa por um indivíduo com passagens pela policia, negro, que prometera no Instagram vingar as mortes de dois negros, Michael Brown, pela polícia de Ferguson, e Eric Garner, pela de Nova Iorque, em dois casos que provocaram revolta, alegadamente por dois motivos: primeiro porque Brown, desarmado, foi morto a tiros, e Garner, também desarmado, teria sido morto em consequência de excesso de força dos policiais, por estrangulamento; e segundo, porque, nos dois casos, os policiais envolvidos, brancos, não foram indiciados pelo ‘grand jury’.
Não é o caso de comparar sociedades, mas Nova Iorque e Rio de Janeiro não são tão diferentes a ponto de a abissal discrepância não despertar a atenção dos estudiosos da segurança pública e de analistas sociais em geral, sobretudo os da mídia. Uma pergunta poderia ser ponto de partida: por que tamanha matança no Rio de Janeiro (não só de policiais…)? E por que isso não acontece em Nova Iorque?
Jorge da Silva é Doutor em Ciências Sociais pela UERJ, Coronel da Reserva da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e Sócio da AME/RJ.
08.01


Coluna
Panorama CariocaCarla Rocha rocha@oglobo.com.br
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29/11/2014 6:00
Joga pedra na Geni
O policial militar é a Geni, ele é feito para apanhar, ele é bom de cuspir. Maldito, o PM é alvo de tudo que é nego torto, do mangue e do cais do porto. Em vida, nós o queremos em grupos no patrulhamento ostensivo, mas à noite, meu amigo, melhor não cruzar com um deles numa rua escura. Se é morto por bandidos, restam ao PM as honras militares e as lágrimas da viúva. Se tanto. Pode ser o melhor ser humano do mundo, mas parece que o simples fato de ser policial corrompe suas possibilidades de ser visto como um cidadão de bem. Nós não choramos a morte de um PM, as ONGs de direitos humanos não se levantam em defesa de um tira. É uma alma sem luz, que sobe aos céus ou desce ao inferno — se a mítica popular prevalecer é quase certo que desça — sem um pesar ou uma oração. Mas não esqueçam que a Geni vive numa cidade de horror e iniquidade.
Não estou aqui para defender policial. Como jornalista, fiz nos últimos anos inúmeras denúncias contra maus policiais, um sem-número deles ligados ao jogo do bicho, à prostituição, a grupos de extermínio. Só para citar alguns crimes a que eles historicamente se associam, porque não há aqui tempo ou espaço hábil para me estender sobre o Código Penal inteiro. Mas nunca perdi a perspectiva de que ser policial, na acepção mais pura da profissão, é uma grande responsabilidade que pesa sobre servidores mal pagos, maltratados e malvistos. E nenhum zepelim gigante virá salvá-los — como também não virá nos salvar.
Esta semana, dois PMs foram executados em 24 horas. O corpo de um deles, de 23 anos, foi achado com sinais de tortura na Avenida Brasil. Sofrer por isso hoje, nestes tempos de cólera, é quase inaceitável. Outros vão defender que tecnicamente seria um desperdício de emoção porque, ao escolherem ser policiais, eles assumiram o risco de morrer. A morte seria um vaticínio, que, para policiais, quase sempre chegaria mais cedo.
Os números, frios números, mostram que, este ano, 17 policiais militares foram mortos em serviço e 85 quando estavam de folga. No último balanço, a conta era de que 256 policiais haviam sido baleados. Assim como a frieza das estatísticas, também podemos fazer uma análise despersonalizada, ignorando as questões humanísticas inerentes à perda de uma vida, e nos ater apenas ao tanto que os assassinatos de agentes da lei podem nos ameaçar enquanto sociedade. O assassinato de um policial, independentemente das qualidades humanas dele, é uma ação contra o Estado. O Estado que, ao contrário do que muitos pensam, não é uma entidade abstrata. O Estado somos nós.
Nos anos 1960, depois que a máfia italiana matou sete policiais e alguns militares com a explosão de um carro-bomba, a polícia prendeu mais de 200 mafiosos, e a Cosa Nostra deixou de existir na região de Palermo. Não foi preciso haver choro, vela, faixas, passeatas ou ONGs de direitos humanos.
A nós, ao Estado, cabe dar uma resposta. A culpa pessoal dos maus policiais é coisa para ser discutida por eles em confessionários ou no além, se houver vida após a morte. A nossa culpa, ou melhor, a culpa das instituições, com suas correições falhas, que estimulam a impunidade, essa sim pode ser discutida em busca de uma saída para se depurar a corporação, aumentar a autoestima de policiais e melhorar a imagem deles perante a população. Numa polícia confiável e eficiente, talvez morram menos policiais. Uma tese é que, com a redução do número de desviados, também se reduz o número de executados, em geral caçados por sócios bandidos quando eles perdem o interesse pelos seus serviços. Ao mesmo tempo, uma ética mais sólida é como uma barreira de proteção para tiras honestos não serem vistos como possíveis delatores que devem ser expurgados pelos próprios pares ou pelo crime organizado.
Já fomos todos Amarildos, quando da execução do ajudante de pedreiro dentro da UPP da Rocinha, a propósito um dos movimentos mais comoventes que já vi nascer de uma catarse coletiva. Até brasileiros no exterior postaram suas fotos com camisas da campanha em redes sociais. Mesmo com mudanças profundas na polícia e na forma como a vemos, tenho clareza de que dificilmente adotaríamos um dia a causa de policiais assassinados, um “Somos todos PMs”. Mas uma refundação da PM, em outras bases de valores, daria ao ataque a um servidor da segurança pública dimensão de gravidade que hoje não tem. É é melhor que seja assim, antes que sejamos todos Geny.


Após a leitura, atrevo-me a tecer alguns comentários em rápido e informalíssimo ensaio, como Chefe Policial Militar que fui e Policial Militar que sou, de acordo com o aprendido nas Escolas Policiais Militares sobre preparação, alinhamento intelectual e elaboração de processo decisório, alicerçando esse atrevimento no tópico do blog do Cel Jorge da Silva em que "convida para o debate todos aqueles que tenham dúvidas quanto às suas certezas", o que é, e creio que sempre será o meu caso.



1. Texto do Cel Jorge:

. Morre mais um PM de maneira violenta;
. Mais uma vez em "território pacificado";
. Durante o ano ( somente em 2014) dezenas de Policiais Militares foram assassinados ( de serviço ou de folga, apenas por serem Policiais Militares. ( A sangrenta cifra de quase trezentos Policiais Militares baleados foram consignados em estatísticas confiáveis);
. Não há mais comoção com a morte de Policiais Militares,( apenas os mais chegados ainda choram e se indignam);
. Nem a mídia dá mais importância a chacina regular e interminável de Policiais Militares;
. Em Nova York é diferente, após a última morte de Policial, em 2011, morreram por balas criminosas, recentemente, dois Policiais que estavam lanchando em sua viatura oficial;
. O caso mereceu comoção nacional;
. Embora não compare sociedades, fica a pergunta, por que a matança no Rio de Janeiro, de maneira geral e por que isso não acontece em Nova York ?????


2. Texto da Jornalista Carla Rocha:
.
. O PM é a Geny brasileira ( aliás, por incrível coincidência, o Cel Jorge da Silva em varias matérias anteriores usa essa comparação);
. De dia os queremos em patrulhamento mas a noite fujam deles ( dos PM );
. Somente as lágrimas da viúva aparecem quando um PM é morto ( além das honras militares);
. Parece que pelo simples fato de ser policial isso sempre o impedirá de ser visto como um cidadão de bem;

. Ninguém chora a morte de um PM, nem as ONG de Direitos Humanos;
. O PM seria uma alma sem luz, sendo quase certo que sua alma descerá ao inferno;
. Tem um medo terrível de dizer que estaria defendendo um policial ( Ué , e se ele estiver certo, nem assim ? );
. Ser Policial do bem, é uma grande responsabilidade, sendo eles mal pagos, maltratados e malvistos;
. Somente naquela semana dois Policiais Militares foram assassinados. Até novembro 17 teriam sido assassinados em serviço, 85 de folga e 256 baleados;
. O assassinato de agentes da lei podem nos ameaçar enquanto sociedade. O assassinato de um Policial é uma ação contra o Estado, e o Estado somos nós;
. Nos anos 60 a máfia italiana matou sete Policiais e alguns Militares. A Policia prendeu mais de 200 mafiosos e a Cosa Nostra deixou de existir em Palermo;
. Cabe a nós e ao Estado dar uma resposta. Talvez em uma Policia confiável e eficiente morressem menos Policiais. Uma das teses é que em uma Policia com menos desvios de conduta talvez menos Policiais fossem executados;
. Mesmo com mudanças profundas na Policias e na forma como a vemos, tem a clareza de que dificilmente adotaríamos um dia a causa de Policiais assassinados, tipo um somos todos PM ( somos todos Amarildos);
. É necessário refundar a PM, com outras bases de valores, antes que sejamos todos Geny.......


3. Analise/Posicionamento/conclusão após apreciação dos elementos elaborados acima:

. Infelizmente ouso vaticinar que nos quadros passados e atual, os Policiais Militares eram, são e continuarão sendo executados friamente por criminosos violentos, a maioria portando armas e artefatos de guerra, contrabandeadas pelas fronteiras secas, molhadas e aéreas, Portos , Aeroportos e Estradas Federais, tudo administrado pelo motor da criminalidade violenta em nosso Estado, o trafico organizado de drogas. Essas armas não matam Policiais Federais, Policiais Rodoviários Federais, raramente matam Policiais Civis, e nunca matam Juízes, Desembargadores, Promotores, Procuradores, Políticos, Defensores Públicos, Agentes Penitenciários, etc. Só matam PM, só matam a classe que permite com sua diuturna ação o funcionamento de todo o Sistema Criminal Estadual e Nacional, mas que cinicamente é considerado como se dele não fizesse parte. Não estudar o tema morte de PM colocando na mesa o contrabando vergonhoso de armas de guerra em nosso Pais e Estado creio ser "tergiversar na oitiva". Não existe guerra sem armas, não existe vontade permanente de matar sem armas, e quanto mais poderosas forem, mais mortes, mais poder, mais dinheiro, mais mortes. Com igual importância deverá ser tratada a vergonhosa facilidade de obtenção de munição para essas armas de guerra. São também contrabandeadas ou são fabricadas em território nacional ???
. A legislação é frouxa, além de frouxa é mal aplicada. Se todo o Sistema Criminal, isto é, Persecução Criminal, Juízo, Defensoria, Policias , Sistema Penitenciário, existe baseado no principio finalista da pena. A pena educa, a pena segrega, a pena dissuade do cometimento de outros crimes, etc, então a pena contra crimes cometidos contra Agentes da Lei, teria que ser infinitamente maior e aplicada sempre com o máximo rigor. Que nossos Chefes cada vez mais se unam para exigirem junto ao poder político a mudança da legislação;
. Se ninguém mais ( o sistema) chora a morte do PM, se só a mãe do PM chora a morte do PM, então a Corporação PM tem que chorar o dobro, o triplo, o quadruplo, etc. Se a PM está sozinha nesta luta, ela tem que se unir, em âmbito Estadual e Nacional. por questão de absoluta sobrevivência. Ninguém mais dorme, ninguém mais descansa, enquanto o criminoso violento permanecer cinicamente dono de sua vontade e a cavaleiro de cada vez maiores oportunidades em sua também cada vez mais habitual sanha assassina de exterminar Policiais Militares. A lei, mesmo frouxa e desatualizada, está de nosso lado. É só cumpri-la. Confúcio já dizia há milhares de anos, que" a Policia tem que ser respeitada pelo Povo, e temida pelo criminoso";
. Não creio que a alma do PM vá sempre para o inferno. Temos mazelas internas sim, tratamos delas constantemente com desvelo profissional. Habitualmente cortamos na própria carne com sofrimento mas com firmeza. Infelizmente um percentual de nós, é sim voltada ao cometimento de malfeitos, mas creio que não é maior proporcionalmente que os malfeitores de outras classes de servidores públicos ou privados. E mais, não somos recrutados em Vênus, em Marte ou Saturno. Somos oriundos da miríade miscigenada que dá forma à sociedade brasileira;
. A vulgarização do evento morte por parte das Policias não pode deixar de ser estudada sob o ponto de vista cultural/profissional/ legal.. Um profissional que é caçado até em seus momentos de folga, passa a trazer dentro de si uma forma quase padrão de procedimento, até, mesmo por questão de natural autodefesa. Um criminoso violento armado com arma de guerra e munição sem limite, que tem seu comparsa morto pela Policia e sabe que a qualquer momento pode ser ele, também trará dentro de si esse sentimento de eliminar por autodefesa. A roda passa a girar eternamente. Como pará-la ? Creio que, em um estado democrático de direito, somente através da lei, somente através da lei e das atitudes do sistema em razão dela. O Policial tem que entender através da lei que não mais precisará matar o criminoso, que o sistema está do seu lado, que prender o criminoso é o ápice de sua conduta. Que a partir dai tudo funcionará. O criminoso tem que temer a ação da lei, pois se matar um agente da lei, permanecerá segregado em um Estabelecimento de Segurança Máxima, talvez toda a sua vida;
. Até que se prove em contrario o Policial Militar é um cidadão de bem sim, vive para sua família e de seu trabalho. Protege diuturnamente as famílias de todos. O assassinato de um Policial é uma ação contra o Estado sim. O Policial Militar é o braço armado do Estado. Braço este acordado e presente diuturnamente em todo e qualquer metro quadrado de mais de oito milhões de quilômetros quadrados de nosso Pais;
Não fujam dos PM à noite. Quantas e quantas vezes damos aquele suspiro de alivio quando em madrugadas sinistras passamos e ás vezes até paramos perto de uma viatura policial, mesmo que não tenhamos problemas sérios nenhum, apenas pela sensação de bem estar e segurança que isso nos traz. Alias , quanto a isso existe uma crônica magistral da Jornalista Raquel de Queiróz;
. A Policia de Palermo prendeu mais de 200 mafiosos, a nossa prende mais de 1000 criminosos, muito mais que isso, todo mês;
. Acredito que se conseguíssemos diminuir os desvios de conduta na Corporação, teríamos menos PM executados. Mas veja bem que profissão danada de difícil a nossa. Agentes públicos praticam com uma regularidade assustadora, desvios de conduta terríveis ao longo de intermináveis anos. Roubam e se locupletam ( a si e a todas as suas gerações nos próximos, no mínimo 100 anos ) milhões e milhões de reais/ dólares do imposto/tesouro público e nem por isso são executados com a regularidade automática em que são executados os PM desviados. São apenas processados e presos, quando são, e não executados com armas de guerra;

. Precisaríamos ter a oportunidade de atualizarmos os conhecimentos a respeito da Policia , do Povo, da geografia, da economia, do criminoso e do crime, e das leis de Nova York, para comentarmos. Temos que encontrar a fórmula que eles encontraram para, mesmo sendo uma sociedade extremamente belicista, o Policial não morrer regularmente por ser Policial e nem matar com igual regularidade que induza a uma permanente retroalimentação da roda macabra. Mas uma coisa tenho certeza, a de que exercer a profissão de Policial, e principalmente a de Policial Ostensivo aqui no Brasil/ RJ é muito mais difícil que em Nova York, isso é;

. Creio também que antes de pensar em refundar a PM, teríamos que refundar a Sociedade. Afinal a " Policia é o termômetro que mede o grau de civilização de um Povo", assim creio que se a sociedade melhorar, a Policia melhorará com ela.

Vivvvaa a PPPMMMM !!!!!!!

17 comentários
Comentários
André Luis S. Santos Parabéns Comandante. Sempre apurada a análise e repleta de ensinamentos.


Edilson De Moraes Cmt faço parte de tres grupos sérios no watzap: camaradas de cavalaria, cavalaria brasil e esporas douradas do rio. Se o Sr me autorizar gostaria de publicar o estudo do cel Jorge da Silva nestes grupos, pois a divulgação seria para todos e vários oficiais das PPM do Brasil. Um forte abraço. Cel Moraes


Edilson De Moraes Caso positivo poderia mandar por mensagem? Selva!!!


Wilton Ribeiro Desculpe Cel Moraes não entendi direito, voce quer só o texto do Cel Jorge ou todo o estudo ?


José Tadeu de Castro Boa noite CMT , to compartilhando.


Jorge Romeu Muito oportuno o comentário comandante. Abs.


Wilton Ribeiro Sem Problema Moraes. Autorizado. Abraço.


Celso Maia É COMANDANTE lamentável a situação dos POLICIAIS MILITARES e o mais grave é o DESAMPARO das suas famílias. LAMENTÁVEL