quinta-feira, 23 de abril de 2015

Fator Selva sempre presente, o paraiso Brasil não tem limite.

Escaninho de Recordações

PAULICEIA NÃO DESVAIRADA ( 2ª Narrativa)

Tenho a honra de pertencer a um Grupo de Pescaria , o qual tem como GLP ( Grande Líder Pescador) o companheiro Afonso Celso Hertal,  do querido Município de Bom Jardim, no Estado do Rio de Janeiro. Tendo em vista anterior artigo publicado em meu blog, denominado Meu inesquecível Jaú, onde conto aventuras do Pantanal,  fui designado pelo GLP, e por outro Decano do grupo, nosso amigo Sergio, como o EMP ( Escrivão Mor das Pescarias), o que aceitei com muito orgulho. " Missão dada , missão cumprida ".

Desta forma, numerei o "Meu inesquecível Jaú", como primeira narrativa sobre pescarias e a que segue, "Pauliceia não desvairada",  como a segunda, e assim sucessivamente, enquanto nosso bondoso Deus, Senhor dos Rios, Lagoas, Baias  e Mares,  assim o permitir.
 
O destino escolhido pelo Grupo dessa vez, em busca de numerosos Tucunarés e Dourados,  foi a Cidade de Pauliceia.
 
 
 
 
Pauliceia é um Município situado no Oeste do Estado de São Paulo e  dista  667 km da Capital. Sua população em 2010 era 6.342 habitantes. Seu povo é tranquilo e dedicado ao duro trabalho da terra. Os primeiros habitantes, longes do desvairo, conforme o titulo da matéria, mas sim, com o pé firme no solo, construíram a simpática Cidade sobre as barrancas do lendário Rio Paraná, o qual atua como divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul. O Rio Paraná, o "Paranazão", é o 2º maior rio Sul-Americano e o 7º maior do mundo. Nasce da confluência dos Rios Grande e Paranaíba, entre os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Matogrosso do Sul. Após percorrer 4880  Km, desemboca no Estuário do Prata, entre os Países da Argentina e Uruguai.   A região dispõe de belas paisagens e excelentes locais para a pesca, principalmente, como já dito,  dos ambicionados Tucunarés e Dourados, sendo esta a razão de nosso relato.
 
 
 
 
Partimos em uma fria e chuvosa madrugada do dia 12 de Outubro de 2014, com companheiros vindo de Bom Jardim, Friburgo e Niterói. Após 18 horas de agradável viagem rodoviária, em um confortável ônibus da Viação Estrela Turismo, pilotado pelos competentes  profissionais Aquino e Cristiano  chegamos a aprazível Cidade de Pauliceia.
 A equipe  era composta pelas imbatíveis duplas de pescadores:  Sergio e Renato, Guilherme e Ronaldo,  Jorginho e seu irmão Hélio, Renato II e seu filho David, Vinicius e Valtinho, João Batista e Paulo, e Afonso e eu, Wilton.
 
Ficamos hospedados na  excelente Pousada do Sol, situada à beira do Rio Paraná, o qual juntamente com o Rio Verde e as várias Lagoas limítrofes, tais como, da Salvação, da Ponte, Preta e do Rio Verde, passaram a ser o território esquadrinhado por todos os pescadores de nossa equipe até o final da nossa vitoriosa missão.
 
 
Chegamos na pousada já no final  da tarde do dia 13. Distribuição de quartos, banho, jantar, preparação da tralha, contação das primeiras mentiras de praxe, tomaram o resto do tempo útil.
 
 
Dia seguinte, 14, após reparador café, todos prontos em seus barcos , já com apoio de seus  piloteiros.
 
 
Material recomendado e selecionado  era o categoria leve: Linha 0,30; Molinete BG 15; Carretilha Shimano 51, etc...Havia a nossa disposição diariamente uma quota de lambari vivo. Muitos preferiram pescar com isca artificial. Eu e Afonso utilizamos as duas. Depois soubemos que tinha gente usando linha 0,60. Não, dá.....e não deu, até que trocassem.
 
Nas preliminares, por informações e rápida constatação,  vimos que a pescaria de Dourado não seria coroada de êxito e decidimos investir no Imperador do Rio. Sim, se o Dourado é o Rei, o Tucuna é o Imperador. E um Imperador extremamente guerreiro, basta ver a agressividade com que atacou a isca do Afonso logo no primeiro dia. Parecia um Açu amazonense:
 
Nossa dupla deu sorte com a escolha/sorteio do Guia/Piloteiro. O Edio era profundo conhecedor da manha dos bocudos e nos propiciou uma excelente pescaria. Até o dia 17, véspera do retorno já havíamos capturado 60 exemplares. Fechamos nossa quota com 74 Tucunarés, a maioria liberados, o que nos proporcionou o Troféu de 1º Lugar na quantidade de peixes. O troféu de maiores exemplares ficou com a dupla Sergio e Renato.
 
 
Utilizamos a modalidade de rodada, espera e corrico, além de pinchamento com iscas artificiais.
 Exploramos também o lançamento junto a tocos e galhadas, e a pesca associada entre a isca artificial do piloteiro, o qual irritava o bicho no fundo com o barulho da isca e nossos lambaris vivos, que ele dava de cara quando vinha conferir  na meia agua.  É bem eficaz.
 
O ataque de piranhas se fez presente todo o tempo e em todos os lugares que exploramos. Aprendemos  que qualquer roçada de piranha em nossa isca natural deve ter como reação imediata, o recolhimento e a troca da isca, do contrario estaremos sempre criando uma rota de sangue proveniente da isca ferida,  ao longo de todo o itinerário. Desta forma  ela  será perseguida por todas as piranhas da área  onde o barco  for, tornando inviável a pescaria. Portanto não adianta ficar tentando com mais um   pedacinho de lambari para economizar isca.
 
Nos locais percorridos havia também muita gigoga, camalote, iguapé ou outro nome de vegetação aquática nativa  qualquer, além dos traiçoeiros "enroscos", contumazes engolidores  de farto material  de pescaria.
 
Durante todo o  tempo,  sol a pino na cabeça  e vez ou outra, ameaça de tempestade, o que provocava  imediatamente em todos os piloteiros intensa inquietação.
 
A maioria das equipes realizou também boas pescarias. Como sempre os peixes fugitivos eram justamente os ma iores do dia.....O critério de soltar vários exemplares de vez em quando foi observado por todas as equipes.
 
                                           
Afonso e eu aprendemos e passamos momentos muito engraçados em razão da experiência  e do falar  do Piloteiro Edio. Por varias vezes seu comportamento nos lembrava nosso amigo e sempre preferido  piloteiro do Pantanal , o Fernando :" Olha o toco, óia o toco, joga, não jogou, perdeu.....". "Não ferra forte, só de mansinho, deixa o peixe saborear a isca, senão ele abre a boca e solta, e se ele tiver cárie então....". "Trabalha só com a pontinha da vara. É prá artista, é prá artista...." " Bateu, roçou na isca, não veio , colhe, colhe depressa, senão vira rastro de piranha..."." Viu o bitelo, viu o bitelo??? "  Era o que mais nós ouvíamos.
 
 Muito interessante também observar os hábitos da população ribeirinha. Casais, e ás vezes famílias inteiras acampadas ou usando grandes  guarda-sóis, pescando com varas de bambu, Pacus CD, Piau, Piapara e  Piracanjuba. Tudo para sustento próprio, ou venda de porta em porta.  
 
Senhoras bem mais idosas com água pela cintura, catavam, com peneiras,  o Camarão Pitu pequeno, junto a vegetação, seja para consumo direto, seja para pescarem o Tucunaré. Em determinados momentos fazem lanços com os pequenos Camarões e no meio vai o mortal anzol. Vimos vários Tucunarés sendo pescados assim.
 
 Vimos também em grande quantidade, enormes Tanques Redes, para a criação de Tilápias  dentro do próprio Rio Paraná.
 
 Outro equipamento que também chamou nossa atenção foram os inúmeros flutuantes construídos sobre barris de plástico fechados, a maioria com guarda-corpo e bancos de madeira, amarrados nas margens do Rio Paraná e Verde,  e que são utilizados pelas famílias de Pauliceia e Panorama, cidade vizinha, para,  após realizada a ceva com mandioca e milho triturados ou não, , pescarem principalmente  a Piapara e o  Piau.
 
 
 
Foi interessante também recordar que a Barragem do Rio Paraná, na altura de 3 Lagoas, permite a criação da Usina Elétrica de Jupiá que fornece energia para o Sul brasileiro.
 
E assim chegou o dia mais detestado pelos pescadores, o último. Todos pescaram bem. Os que pescaram menos, como sempre, foram aquinhoados com um reforço por parte dos mais afortunados. O único que se machucou durante as atividades de pescaria foi o Jorginho,  que teve a coluna travada em uma manobra mais afoita, após ferrar um Tucunaré azul mais do que gigante. Mas após alguns  anti-inflamatórios, e umas ações de colheita de saborosas mangas, frutas abundantes na região, o valoroso Jorginho  ficou pronto para outra.   
 
 Na última noite a direção da Pousada nos ofereceu um ótimo churrasco, ocasião em que as histórias de pescador vararam a noite paulista,  quase mato-grossense.
   E assim encerramos nossa narrativa  da aventura pesqueira  na Pauliceia não desvairada. Um abraço e até a próxima.
 
 
 




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

2 comentários:

  1. Parabéns pela pescaria a isca artificial a pousada o lugar paraíso isca de piranha e boa os peixes show

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  2. Obrigado companheiro. Pescar é atávico. Faz bem a saúde ( do homem).

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