quarta-feira, 30 de abril de 2014

A História do GAM ( Grupamento Aero-Maritimo Ten PM Antunes ) da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro- 3ª Parte


Escaninho de Recordações


(Continuação.....)

Creio ser oportuno também  registrar que esta ausência de lógica descia em alguns momentos a detalhes de excludencia absoluta da PM, senão vejamos:

Em 1992 tive o orgulho de assumir, por indicação do Cel Jorge da Silva, então Ch EMG, o Comando do BOPE( Batalhão de Operações Policiais Especiais), Unidade  que havia ajudado a fundar em minha juventude, em 1978,  como Tenente  Instrutor Chefe das matérias de Técnicas  de Patrulha Urbana e Rural e Sobrevivência na Selva, nos primeiros Cursos de Operações Especiais ( COESP), o que permitiu que a Corporação habilitasse Oficiais , Sargentos , Cabos e Soldados para comporem as  heróicas  fileiras do Nu /COE ( Núcleo da Companhia de Operações Especiais), que deu origem aos atuais " Caveiras".

Ao fazer as primeiras incursões em busca de informações a respeito da rotina do Batalhão, me surpreendi ao ler a Relação de Destino e saber que tínhamos parcela considerável do efetivo atuando como Tripulantes Operacionais do então  CGOA ( Coordenadoria Geral de Operações Aéreas). Não vi muita lógica naquilo, mas o pior estava por vir. Ao conversar e inspecionar a atuação desses Policiais Militares no local de trabalho, descobri que eles tinha ordem de trabalharem à paisana para parecer que eram Policiais Civis, durante as demonstrações, resgates e incursões aéreas em locais de conflito. Para a PM não sobrava nada, só a perda dos homens em nossas ( PMERJ)  necessidades vitais diárias.

 Iniciei gestões e cheguei a determinar o retorno desses  homens para comporem equipes no BOPE.
Baldados foram esses esforços. A pressão foi grande e total. O civil  Chefe do CGOA era homem de confiança absoluta do "Escalão Girafa".

A vida tinha que continuar,  e ao final  consegui uma pálida vitória, mas para mim importantíssima, consegui que a partir daquela data,  minha Equipe de Tripulantes à disposição do CGOA, passasse a trabalhar com farda completa do BOPE. E assim passou a acontecer, pela primeira vez  Policiais Militares com nossa farda passaram a aparecer nos Órgãos de Comunicação Social, em ações em helicópteros,  obtendo com isso elevado crédito para a Policia Militar, tendo em vista o clima de expertise que sempre acompanha as Operações Aéreas.

Me recordo que o grande Sgt Lotério, no alto de seus quase 2 metros de altura e largura, quase chorou ao me procurar para agradecer aquela decisão de Comando que permitiu que ele e seus companheiros envergassem a gloriosa farda da PM no exercício de seus legítimos misteres Policiais Militares.

Apesar do narrado acima, eu não me impactei demais com a discriminação contra a Corporação, é que este Oficial já havia acumulado alguma experiência nessa área, tendo em vista o que havia assistido/ participado no ano de 1985, quando retornando de uma missão de 2 anos na Ilha Grande, fui classificado no EMG/PM-1 ( Seção de Pessoal do Estado Maior Geral ).
  O Chefe da Seção era o Ten Cel PM  Clodoaldo, Oficial oriundo de Escola Militar da Aeronáutica e aficcionado por aviação.
Naquele período ele estava preparando para apresentar ao Secretário de Policia Militar e Cmt Geral,  Cel PM  Nazaré Cerqueira uma proposta para criação de um Curso de Formação de Pilotos de Helicópteros Policiais Militares. Participei dos trabalhos como pesquisador , tendo em vista que eu havia sido classificado como Chefe da SubSeção de Legislação e Doutrina da PM/1. A idéia  era,  paralelamente, prosseguir o trabalho, para que, de tal forma, desembocasse na criação  de  um Núcleo de Helicópteros  na PM.

A proposta foi elogiada e aceita pelo Cmt Geral, publicada em Diário Oficial e Boletim da PM.
 Todos felizes na PM/1 e Comando Geral. As medidas técnicas começaram a ser tomadas pelos Órgãos acionados  ( DGEI, CMM, DGAL, DGF, DGP, etc...).
Menos de uma semana se passou,  quando o Cel Clodoaldo recebeu ordem do Escalão Superior para tornar sem efeito a publicação citada, paralisar as providências que vinham sendo tomadas e enterrar o assunto em cova profunda. Ali morria mais uma iniciativa da PMERJ em edificar seu próprio edifício ferramental  importantíssimo de trabalho Policial, alicerçado em aeronaves de asas rotativas.


Não poderia deixar de registrar também o Helicóptero fantasma que a PM teve no ano de  1989, quando após extenuante ingerência e firme ação de comando do Secretário de Policia Militar e Cmt Geral, Cel PM Manoel Elysio dos Santos Filho, a Corporação conseguiu adquirir  um garboso Helicóptero operacional. Novamente volta  a tona, a ideia da PM criar sua estrutura de gerenciamento de aeronaves. Enquanto tal não acontecia ( e não aconteceu) , era até natural que o aparelho ficasse baseado no CGOA, à disposição exclusiva da Corporação. Passado o tempo, tal exclusividade passou a não acontecer. . Primeiro começou sutilmente  a descaracterização ostensiva da aeronave. Tanto que ao final,  para se conseguir ler o nome Policia Militar em sua fuselagem, tinha que estar munido de potente lupa. Depois veio a fase , que o aparelho passou a ser usado em qualquer missão, portanto quando a Corporação dele precisava, nunca estava disponível. Finalmente, a coisa era tão séria , que este aparelho só se conseguiu recuperar para a PM, em 2005 ou 2006., mesmo o GAM tendo sido criado em 2002.


A discussão da  temática da criação de um Organismo Gestor de Aeronaves na PMERJ só  seria recobrada no ano de 2000, quando este Oficial assumiu o Comando Geral da PM. ( Continua).....

2 comentários:

  1. Muito interessante e eu fui testemunha ocular de todas essas ingerências e ainda acrescento o seguinte:

    Quando o Cel Elísio conseguiu essa aeronave, toda a aviação do Estado era subordinada a um civil, Engenheiro Antônio Hermsdorff Maia, que não gostava de militares e de militarismo tendo sido o responsável por permitir que o nosso primeiro helicóptero fosse tripulado por qualquer um que trabalhasse na Lagoa. Lá havia pilotos civis, do DER, da PCERJ e apenas dois da PM sendo um deles o Cel Eduardo Luis que fez muito pelo GAM. Em 1995, eu estava na ativa e fui chamado pelo Maia (cuja mãe era minha paciente e que conhecia meu trabalho) que me perguntou se nós da PM poderíamos tripular um helicóptero aeromédico (o PP-ECE) que a Loterj daria ao governo do RJ com equipes médicas já que eu havia criado no BOPE e sob o seu comando, o grupo de paramédicos de combate. Fui ao então CMT Geral Cel Dorasil e perguntei sobre isso. Ele autorizou e comecei a selecionar e treinar médicos e paramédicos. Uma semana antes da chegada da aeronave, o então Major Eduardo Luis me ligou e disse que deveríamos fazer algo pois os bombeiros, como sempre, estavam acionando contatos políticos para assumir também essa aeronave (eles já tinham um helicóptero aeromédico!!). Ainda tentei com o Cel Elmo Dias e com o Gen Cerqueira, mas o política pútrida foi mais forte. Como nunca fui valorizado ou sequer apoiado na PM não consegui impedir! Foi uma pena.

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    1. Obrigado caro Abouch pela intervenção. Obrigado também pela lembrança de que o serviço Paramedico foi criado na PM ( BOPE) na nossa época. Grande abraço.

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