domingo, 14 de fevereiro de 2016

1ª pele, 2ª pele, 3ª pele, 4...., nº I.

   ESCANINHO DE RECORDAÇÕES

Recentemente registrei aqui, mensagem dirigida aos Aspirantes da Turma "Trovão" , como Ch EMG ( Chefe do Estado Maior Geral) em 1999.  Dois anos antes, na honrosa função de Diretor Geral de Ensino e Instrução, já havia recebido a missão de saudar os novos Aspirantes  da Turma Ten PM Cidimar  Antunes de Almeida, valoroso Oficial,  morto no combate a criminalidade violenta,  quando servia sob meu Comando no 12º BPM , no ano de 1995. Tal artigo foi publicado na revista do Aspirantado de 1997.

Emocionado, após pedir formalmente permissão ao inigualável Gonçalves Dias, em sua magistral obra  I-Juca- Pirama,  intitulei-a, "MENINOS, EU VI".



" E à noite , nas tabas, se alguém duvidava
                                        do que ele contava,

          dizia prudente: - " Meninos,  eu vi !  "









Mensagem aos Aspirantes de 1997


" MENINOS EU VI"

Vi o texto do Decreto Régio que criou o embrião da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, em 1809, já àquela época , motivado pelo clamor público : " Sendo de absoluta necessidade prover a segurança e tranquilidade publica desta Cidade cuja população e tráfico tem crescido consideravelmente, e se augmentará todos os dias pela affluencia  de Negócios inseparáveis das grandes Capitaes; e havendo mostrado a experiência que o estabelecimento de huma Guarda Militar de Polícia he o mais próprio não só para aquelle dezejado fim de boa ordem e socego público, mais ainda para obstar às damnozas especulações do contrabando que nenhuma outra providencia , nem as mais rigorozas  leis prohibitivas tem podido cohibir....";

Vi os textos que paulatinamente , por absoluta necessidade de manutenção da paz social, deram origem , em razão da eficácia atingida pela  medida Del Rey, às Forças Públicas, às Guardas Provinciais, às Guardas Territoriais, às Policias Militares, em todo território nacional;

Vi o texto e nele me inseri , já em 1968, que reorganizava as Policias Militares, mantendo suas destinações de responsáveis pela ordem pública, em busca do bem comum;

Vi e participei das mais variadas missões, nos últimos trinta anos , que o poder público outorgou a este baluarte da existência humana, a esta guardiã da felicidade, a Instituição Policia Militar;

Vi, participei e pesquisei sobre Polícia Militar, a qual, mesmo assumindo confrontos estruturais anticientíficos - ao não receber a competência de executar o ciclo completo de Policia -  gerencia pequenos, médios e grandes conflitos, os quais,  sem o seu condão diuturno e bissecular, já teriam remetido nossa Nação à barbárie. Afinal, somente em nosso Estado atende mensalmente a 40.000 mil pedidos de socorro desesperados . E se ela não existisse ?

Vi a escalada da criminalidade violenta, alicerçada na matéria  prima e nos acessórios dos mercadores da morte, transformar nossa Cidade maravilhosa em um estado de "guerra de baixa intensidade", tendo praticamente a se opor, como único dedo de menino de dique, a infante Policia Militar. Aquela que nunca dorme, a que nunca repousa,  a que nunca esmorece, a servir e proteger há dois séculos;

Vi, paralelamente ao extermínio de seus heróis pelas forças do mal, o mais brutal massacre conjuntural, ideológico, que uma Instituição já sofreu, sem que sequer um fio  de voz surgisse em sua defesa, a não ser a de seus próprios integrantes. Nem daqueles os quais permanentemente ela protege a vida, com seu próprio sangue;

Vi a má fé e os interesses espúrios pregarem sofismas ao rotular seu modelo gerencial  como arcaico, quando acabo de ver que o protótipo de modernidade com o qual tentam humilhá-la é extremamente igual ao dela. Olha-se em volta nos EUA, e o que se vê são Quarteis iguais ou maiores, só que com outros nomes. O que se vê é o Soldado, o Cabo, o Sargento, o Tenente, o Capitão, o Chefe de uma, duas, e três estrelas e pasmem,  o Xerife de quatro, cinco estrelas. Mas não se fala, que o Detetive é uma função do Sargento, e não um cargo. Que a ferida a ser exposta e tratada é a do Ciclo  Completo de Policia, e não a maquiagem anticientífica , das soluções tangenciadoras  que só servem e servirão cada vez mais, para oxigenar o narcotráfico, o sequestro, o furto e roubo de carros, as chacinas, o medo, o terror, o contrabando de armas de guerra, a lavagem de dinheiro criminoso;


Vi e vejo no entanto, a Policia Militar - Fênix, cada vez renascer mais forte, porque ela acredita  naquilo que faz.  Acredita que  o estado de sua arte tem um sentido de maravilha, que vale a pena continuar lutando, sempre, afinal seu negócio é vida e vida é a coisa mais importante do mundo , sempre. Vida tem características de eternidade;


Tudo isso vi, vejo e participo com muito orgulho;

Vi, e cada vez mais me convenço que ela é eterna. Ela é eterna, por sua missão ser eterna. Não é uma imposição, é uma necessidade;

E essa eternidade é de vocês, Aspirantes da Turma Cap  PM Cidimar Antunes de Almeida;


Orgulhem-se de serem parte de sua existência e de seus destinos;

Vejam, sintam , participem, orgulhem-se e não se contritem, pois acabam de dar o primeiro passo no exercício do mais sagrado  e importante papel social do sistema de convivência humana, o de guardiões  da lei e da ordem, da paz social, da vida.


FELICIDADES, DEUS OS GUARDE !!!

Cel PM Wilton Soares Ribeiro

Diretor de Ensino e Instrução







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