segunda-feira, 14 de abril de 2014

A História do GAM ( Grupamento Aero-Maritimo Ten PM Antunes)- 2ª Parte.

Escaninho de Recordações.

Continuação.

O segundo contato com aeronaves militares foi por ocasião de, já como Oficial (Tenente) , da Policia Militar do antigo Estado do Rio de Janeiro, ter sido indicado para cursar o Centro de Instrução de Guerra na Selva, do Exercito brasileiro, no  Estado do Amazonas, no ano de 1972, do qual sai brevetado pela Onça mor,  como GS ( Guerreiro de Selva ) nº 665 ,  do que sempre muito me orgulhei.

As instruções de helicópteros, em plena Selva Amazônica, eram eivadas de complexidades  e técnicas imensamente difíceis de serem absorvidas, e por isso inesquecíveis.

Os exercícios de lançamento e resgate de frações de Tropa em locais estratégicos, a vigilância sobre imensas áreas a princípio impenetráveis, as técnicas de rapel imediato, nas quais em uma fração de segundos uma patrulha era introduzida verticalmente em área a ser esmiuçada nas mais variadas missões, a capacidade de socorrer homens feridos em combate com o máximo de presteza. Mais uma vez ali pude comprovar a importância fundamental das aeronaves de asas móveis como ferramenta militar e de Policia.


Sou oriundo de uma Policia muito honrada, mas também muito pobre, onde a busca por equipamentos modernos eram difíceis e na maioria das vezes inatingíveis. Mas mesmo assim ao terminar o Curso de Guerra na Selva  e retornar as rotinas das ruas de minha Cidade como Policial Ostensivo, a necessidade de contar com apoio através de asas, passou a frequentar de forma crescente cada vez mais meus pensamentos  profissionais. A principio em razão de acionamento para cumprir missões especiais ligadas  ao Curso que havia concluído, bem como as constantes participações em Instruções Especializadas  e em certas situações  de Calamidades Públicas que de vez em quando se abatiam sobre nosso Estado. Por repetidas vezes senti falta do apoio  de asas rotatórias. Mas sabia como Oficial, que o antigo  Estado do Rio não teria nunca condições de adquirir helicópteros para a minha Policia Militar

 No ano de 1975 veio a fusão dos dois entes federativos. Uniram-se a antiga Guanabara e o antigo Estado do Rio de Janeiro. As duas Policias Militares ( PMRJ e PMEG ), passaram a ser uma só, a PMERJ.

Imediatamente fui convocado para participar de Grupos de Instrução com a missão de ministrar atividades especializadas a  Cadetes da EsFO, Cursos de Sargentos, e em alguns caso CAO e CSP. Terminei por atravessar de vez a Baia de Guanabara, logo após, só retornando em 1995, já como Tenente Coronel.

 Logo no inicio do desenvolvimento de minhas atividades especiais na nova Policia, tomei conhecimento que a antiga Guanabara possuía um Órgão oficial de gerenciamento de helicópteros para atender as necessidades do serviço publico, inclusive policiais.. A primeira coisa que me veio a cabeça foi que esse Órgão pertenceria a antiga PMEG, portanto agora, seria nosso também com a Fusão . Grande  foi a minha frustação, quando descobri que não pertencia. O Órgão existia, era localizado às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas , fazia serviços burocráticos e policiais, mas era totalmente gerenciado por civis.

Dai surgiu a pergunta que levou até o ano de 2002 para calar:

----COMO ERA POSSÍVEL QUE UMA FERRAMENTA DE TRABALHO POLICIAL, GRANDE, COLORIDA, BARULHENTA, PORTANTO, TOTALMENTE OSTENSIVA, NÃO PERTENCESSE E TIVESSE SEU COMANDAMENTO REALIZADO  PELA FORÇA POLICIAL TAMBÉM OSTENSIVA DO ESTADO, NO CASO A POLICIA  MILITAR ????

Tal situação, ao longo de intermináveis anos, no mínimo, carecia de absoluta falta de lógica. Mas assim era e assim ficou, pelo menos até o ano de 2002.  (Continua).

sábado, 5 de abril de 2014

A Historia do GAM ( Grupamento Aero-Maritimo Ten PM Antunes) da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro- 1ªParte.

ESCANINHO DE RECORDAÇÕES


Asas seduzem. Sempre seduzem. Sejam cobertas por penas, fina pele ou de aço.

Meu primeiro contato com Helicópteros foi durante as seguidas e extenuantes  instruções de Operações Helitransportadas, inclusive Assalto Aéreo, por ocasião de minha participação na Campanha da FIP ( Força Interamericana de Paz) da OEA ( Organização dos Estados Americanos), nos anos 1965/1966, na Republica Dominicana ( América Central), comandada pelos Generais Panasco Alvim e Álvaro Braga. À Brigada Latino-americana, comandada pelo Cel Meira Mattos, era subordinado o FAIBRÁS, Destacamento basicamente composto por um Batalhão de Infantaria do Exercito brasileiro, do qual eu fazia parte, como Cabo Chefe de Peça de Mtr Brauning . 30,  e uma Companhia de Fuzileiros Navais. O Cmt do Btl era o Ten Cel Paiva, comandava a 2ª Cia ( a incendiaria), o Cap Barros, e o 3 º Pelotão ficava a cargo do Ten Joaman. Essa era a estrutura castrense a qual eu estava enquadrado no verdor de meus 18 anos.

Nossa rotina era ocupar posições e patrulhar áreas criticas em conjunto topo tático  adredemente selecionado pelo Escalão Superior, sempre nos limites da Capital Santo Domingo. Ali era considerada nossa " Linha de Frente". Essa missão normalmente durava  cerca de 10 dias. Após, retornávamos ao acampamento principal, próximo a favela Mata Hambre, onde ficávamos sob regime de Sobreaviso ( alerta) e envolvidos em um programa contínuo de Instrução Especializada, até novo envio a "Linha de Frente".

 As instruções de Operações Helitransportadas ( Assalto Aéreo) eram ministradas com Helicópteros e demais equipamentos do Exercito Americano, que lá estava representado por uma Divisão  Aerotransportada. Os instrutores eram Oficiais e Sargentos americanos, sendo que alguns estavam de folga na Campanha do Vietnam, e como não desejavam passar este período em seu País, eram utilizados como Instrutores e Monitores na Rep Dom. Depois retornavam ao Continente Asiático.
 Desse primeiro contato com Helicópteros Militares nunca mais me esqueceria, até mesmo porque nosso Contingente foi por diversas vezes elogiado em razão da destreza, coragem, profissionalismo e criatividade demonstrados durante os exercícios. Obs- Criatividade, por exemplo, porque ao arrepio do Manual de Procedimento, a Tropa brasileira em vez de aguardar que o Aparelho tocasse o solo, para sair, entrar em formação em leque  para defende-lo,  e então progredir no terreno; por conta própria passou a lançar-se no ar, de tal forma que, quando o Helicóptero aterrizava,  todos os componentes dos Pelotões já haviam saltado e estavam a boa distancia progredindo. No inicio foi difícil os instrutores americanos  concordarem com essa mudança de regra, até que viram, que com essa medida , o Aparelho ficava um tempo bem menor  exposto ao fogo inimigo. A partir dai cada vez mais nosso tempo diminuía para cumprir os procedimentos, embora de forma inversamente proporcional, calombos, entorses e luxações  aumentassem nas canelas, tornozelo e joelhos verde amarelos( continua).

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Vivaaaa a PPMMM!!!! A PMERJ e o artigo do General.

Hoje ( 1º Abr 2014 ) pela manhã, um amigo enviou-me uma matéria de autoria do Sr General da Reserva e Consultor de Segurança,  Fernando José Sardenberg, publicada na Pag. 15 do jornal O Globo, com o título, "UPPs: O que é preciso para dar certo".

Li e fiquei extremamente desconfortável, como cidadão e Oficial de Policia Militar. Porém, caso a PMERJ não sofresse no artigo,  impiedosas e injustificáveis críticas, nunca me pronunciaria. Nesse caso no entanto, julgo ser dever, e  dever não é facultativo, de informar a realidade operacional e moral de nossa PM, oferecendo um contra ponto, baseado em minha experiência profissional, principalmente nas funções de Comandante Intermediário,  Chefe do Estado Maior Geral e Comandante Geral, conforme segue abaixo. 

 Primeiro, é assustador que a opinião do articulista, baseada em  extenuante experiência própria, acumulada em ocupações militares no Haiti ( América Central) e no Complexo do Alemão ( RJ/Brasil) o conduz a emitir conceito fechado e acabado  de que  no "processo de pacificação" só existe um vilão, a Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Segundo sua ótica, única responsável pelo possível fracasso do projeto, em razão de seu criticado regime de trabalho, falta de compromisso institucional e ausência de sustentáculos éticos e morais.

Segundo, a opinião também fechada e acabada, que somente o Exercito Brasileiro é exemplo, de eficiência, competência e dedicação exclusiva ao serviço e ao Brasil, e nossa PM não.

E terceiro, é fundamental esclarecer os fatos tendo em vista a demonstração apresentada pelo Sr General, do quase total desconhecimento com respeito a estrutura, missão constitucional, óbices, história  e estratégia de emprego do efetivo de nossa Instituição.

 Tendo em vista os parâmetros acima passo a enumerar as seguintes observações:

1.As missões de ocupação territorial realizadas em âmbito nacional ou não, levadas a efeito pelo glorioso Exercito Brasileiro, por mais complexas e longas que tenham sido, um determinado dia acabam. A da PMERJ não. A PM, grosso modo, nunca volta a seus Quarteis, Sua "ocupação territorial" já dura 205 anos, não existe o " tempo necessário". Beira a eternidade;

2. Na prática não há a "grande diferença" na estratégia de emprego do pessoal do Exercito e da PM. O órgão público avaliado ( nós , a PM)  não "labutamos apenas com um terço ou um quarto de nosso efetivo por mês", apenas nos adaptamos a missões que precisam ser cumpridas por anos e anos a fio. Não estamos em campanha durante um curto ou médio período. No nosso caso a campanha é eterna.  E nem tampouco  somos diferentes, quanto a visão de "comprometimento, ética, e preparação profissional, dentre outros aspectos", de qualquer Instituição Militar ou Civil de nosso País ou do mundo, muito pelo contrário sempre fomos muito ciosos quanto a esses primados virtuosos;

3. Quanto a algumas escala de serviço empregadas em nossa Corporação, são frutos de exaustivos estudos e vivencias profissionais, levando- se sempre em conta  a relação custo/beneficio do resultado ótimo no cumprimento da missão versus o aspecto humanitário de uma  Tropa profissional que passa nas ruas no mínimo 30 anos de seu período castrense.
 Por exemplo quando empregamos a escala de 12x24x12x48 é para que um posto ou uma área sejam guardados e/ou patrulhados com o máximo de eficiência profissional durante as 24 horas do dia, por cada turno de 12 horas, por tempo indeterminado , quiça , eternamente. .Nesse caso teremos sempre 1/4 de nosso efetivo, lutando, combatendo, patrulhando, confrontando, prendendo, preservando a ordem pública. Caso fizéssemos diferente, como, por exemplo a escala de 24x48 historicamente empregada nos Quartéis das Forças Armadas, manteríamos em determinados períodos apenas 1/3 de 1/3, tendo em vista que homem nenhum  consegue ficar acordado as 24 horas do dia, em atitude de vigilância necessária para atuar em área vermelha.
Ainda à guisa de exemplo, voltemos a relação custo/beneficio, em que um Cia a 90 homens fosse empregada em uma escala de 24x48 teríamos 30 homens ECD por dia. Ao final do dia, e ao final de um longo período de emprego,  teríamos fatalmente, homens mal dormidos, cansados, talvez mal alimentados, com a atitude de vigilância grandemente comprometida,  etc. Vejamos agora a escala de 12x24, 12x48. Teríamos 23 homens a cada 12 horas,  apenas 7 a menos ( quase uma guarnição de PATAMO), só que bem dormidos, sempre descansados, bem alimentados, vigilantes, e em condições de manter a ocupação por dezenas de anos. Aprendemos isso na prática de 205 anos de diuturna , incansável  e eficiente luta contra a criminalidade, seja a violenta seja a de menor potencial ofensivo em nosso Estado.
Obs-Cabe registrar que essa estratégia de emprego de pessoal não invalida de forma alguma  as técnicas empregadas em situações extraordinárias. Poucas pessoas tem ideia do numero cada vez mais regular  de vezes por ano que a heróica Tropa da Policia Militar é colocada sob regime de trabalho de Sobreaviso, Prontidão e guardadas as devidas proporções, Ordem de Marcha;

4. Nosso regime de trabalho não é incompatível. É o melhor, levando-se em consideração a missão, os meios, as peculiaridades da força e o tempo de emprego, a curto, médio e longuíssimo prazo, ou seja os principios da economia de forças e da otimização do emprego dos meios Afinal estamos sempre na " Linha de Frente".

5. Quanto  as UOp como Forças de Recobrimento, já as possuímos. São o BPCHq, o Regimento de Cavalaria, o BAC, o BOPE. Caso o Comando Geral da PM julgue a seu tempo, criar outras, como já foi o caso do GETAM, com certeza o fará.

6.  Nossa missão não é só no Alemão, na Maré, no Borel, Providência, ou outra área especial semelhante. Ela é para ser executada, e o é,  em todo e qualquer centímetro quadrado dos 42 mil  quilômetros quadrados de nosso Estado do Rio de Janeiro. E o que é fundamental, não é episódica. É eterna, ou pelo menos já dura 205 anos. Portanto temos que racionalizar cada vez mais nosso emprego, para que possamos servir e proteger nossa população por pelo menos mais 205 ANOS.

7. A Policia Militar, ao contrario do que consta no artigo, está sim, há 205 anos " à disposição de seus comandos, por tempo integral e sendo  empregada quando necessário, sem interrupção do serviço". Aliás, ai do Brasil se assim não o fosse. Somos uma Força e não um bando;

8. Não abrimos mão de que sejamos ( A Policia Militar) reconhecidos também como "exemplos de eficiência, competência e dedicação exclusiva ao serviço e ao Brasil". É questão de justiça;


9. A PMERJ e todos nós sempre nutrimos um profundo respeito e admiração muito grandes pelo Exercito Brasileiro, afinal de contas é nosso modelo estrutural, desde 1809,  o que muda é a missão. Temos o orgulho de termos sido comandados por um sem número de figuras ilustres oriundas, entre outras, o Duque de Caxias, o Marechal Hermes da Fonseca, o Marechal Vidigal, o Brigadeiro Castrioto, o Gen Odílio Dení, o Gen Pessoa.

Mas tem um valor do qual também não abrimos mão. O respeito pessoal e Institucional. A Policia Militar merece respeito por tudo que ela já fez em prol da sociedade nos últimos dois séculos, e tenho certeza que continuará fazendo.


 Por isso o cumprimento do dever de prestar esses esclarecimentos.







domingo, 30 de março de 2014

Da série UPPINHA É O CACETE, ou, O POVO DE NITERÓI MERECE RESPEITO, ou ainda, NADA MAIS TEIMOSO QUE A VERDADE.

O jornal Extra desse fim de semana apresenta em sua 1ª página a matéria : "UPPinha do Morro do Estado já tem sede para 120 policiais".

Em primeiro lugar, viva a PM. Sim, a população de Niterói, já há muito tempo , há cerca de sete anos está a clamar e necessitar fisicamente de mais Policiais em nosso território, em nossos logradouros.
Que venham os Heróis sociais, os Gendarmes da lei e da ordem, os Centuriões do bem. Nossas famílias, amigos, vizinhos, visitantes estão precisando, e muito,  de mais presença efetiva de Guardiões fardados e armados, em apoio aos bravos Combatentes do 12º BPM, a inibirem, desestimularem a ação daqueles que teimam em pautar suas nefastas condutas em ações criminosas contra a população de bem de nosso Município. Mas por favor, um veiculo de comunicação da importância do Extra denominar a  modalidade de policiamento de UPPinha, é totalmente desrespeitoso com a  sofrida gente de Araribóia. Até mesmo o nome de  DPO Ref ( Destacamento de Policiamento Ostensivo Reforçado) seria bem aceito, tendo em vista que o efetivo de 60 homens não é uma Companhia de Policia Militar completa, para ser chamada de Companhia Destacada , e sim 2 Pelotões . OBS-  Creio que a  nomenclatura certa seria Cia (-), isto é Companhia menos. Mas isso já seria uma outra abordagem.

Se a parte relativa ao pedido de respeito já foi citada acima,  falta tocar na outra parte da postagem ou seja , a teimosia da verdade.

É que, para mantê-la teimosa e determinada ( A VERDADE), é importante que se registre, que no segundo semestre de 2006, foi implantado no mesmo Morro do Estado, a exemplo do que já havia sido feito no Morro do Cavalão em 2002,  uma modalidade de Policiamento Ostensivo denominada  GEPAE ( Grupamento de Policiamento em Área Especial), a comando de Oficial e com o efetivo de 90 Policiais Militares. Para tanto, foi construído um aquartelamento de alvenaria, como Sede, pela PMERJ, com o apoio da Prefeitura de Niterói, à beira do campo de futebol da Comunidade.

 Esse elemento desdobrado da PM, como se  chamou GEPAE, poderia ter se chamado UPP ou Cia Destacada, ou Subunidade Avançada, etc. O problema é o que teria  sido  feito dele (O GEPAE com  90 homens fardados e armados), implantado no alto do Morro. do Estado, no ano de 2006,   para justificar que 8 anos após novo elemento desdobrado, com uma nomenclatura diferente,  fosse reinaugurado no mesmo local, com quase o mesmo efetivo, a mesma missão e ocupando a mesma Sede, como se o GEPAE nunca tivesse existido fisicamente.

É realmente algo muito difícil de entender. Encerro portanto lembrando que o Povo de Niterói merece respeito.

domingo, 23 de março de 2014

A pergunta que não quer calar: A quem caberá o Comando????


Wilson Tosta - O Estado de S. Paulo
A intervenção das Forças Armadas na segurança pública do Rio de Janeiro, pedida pelo governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) à presidente Dilma Rousseff, será a primeira ação militar do gênero desenvolvida depois da edição do novo - e polêmico - Manual de Garantia da Lei e da Ordem do Ministério da Defesa.  Nesta segunda-feira, 24, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) se reunirá com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e outras autoridades para definir a atuação das tropas federais no Estado.
Editado no fim de 2013 para normatizar e dar base legal à atuação da Marinha, Exército e Aeronáutica como polícias, o Manual de GLO foi duramente criticado porque sua redação indicava que movimentos sociais poderiam ser considerados "forças oponentes". Mesmo negando que visasse à repressão de atos públicos durante a Copa do Mundo de 2014 e ressaltando que as Forças Armadas ficariam apenas como reserva estratégica, a ser acionada apenas se houvesse perda de controle da segurança por parte das forças policiais convencionais, o Ministério da Defesa recuou. Depois que o Estado publicou reportagem sobre o texto da Portaria Normativa Nº 3.461 /MD, de 19 de dezembro de 2013, que oficializava o texto, o ministro Celso Amorim anunciou que o Manual mudaria, o que ocorreu em 31 de janeiro de 2014, com a Portaria 186/MD.
Apesar das mudanças de palavras e da eliminação de expressões incômodas para ativistas - sumiram as "Forças Oponentes", que incluíam "organizações criminosas, quadrilhas de traficantes de drogas, contrabandistas de armas e munições, grupos armados", além de "movimentos e organizações" e outras - o texto manteve seu caráter original de militarização da segurança. Ele prevê que, após solicitação do governador, o chefe do Executivo federal poderá determinar o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem.
"Após a decisão presidencial, comunicada ao ministro da Defesa, a este incumbirá, assessorado pelo Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), emitir a Diretriz Ministerial (DM) para ativação dos Comandos Operacionais e a designação dos respectivos Comandantes", diz o texto.
A Diretriz Ministerial deverá conter : "a) os objetivos estratégicos; b) as diretrizes estratégicas; c) as relações de comando; e d) outras condicionantes a serem consideradas no planejamento." Poderão ser ainda emitidas pelo ministro Diretrizes Complementares. "Com base na DM, o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (CEMCFA) deverá emitir as Instruções para o Emprego das Forças Armadas (IEFA) para orientar as atividades de planejamento e emprego a serem desenvolvidas pelo EMCFA, pelos Comandos das Forças Singulares (FS) e pelos Comandos Operacionais a serem ativados", continua o manual.
Segundo o manual, "o emprego das Forças Armadas em Op GLO tem por objetivo a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio em situações de esgotamento dos instrumentos a isso previstos no art. 144 da Constituição ou em outras em que se presuma ser possível a perturbação da ordem". Nessa hipótese, "caberá à autoridade competente, mediante ato formal, transferir o controle operacional dos órgãos de segurança pública (OSP) necessários ao desenvolvimento das ações, para a autoridade encarregada das operações. Esta deverá constituir, sob seu controle operacional, um Centro de Coordenação de Operações (CCOp), composto por representantes dos órgãos públicos e/ou outros órgãos e agências, nos níveis federal, estadual e municipal, bem como empresas e ONG."
Sob comando do encarregado da operação pelo governo federal, o CCOp, afirma o texto, será constituído nos moldes de um estado-maior militar, com as seções de Pessoal, Inteligência/contrainteligência, Operações, Logística, Assuntos Civis, Comunicação Social, Comunicações (incluindo Guerra Eletrônica e Defesa Cibernética), Assuntos Jurídicos e outras julgadas pertinentes à missão. O texto prevê ainda que, para registro das ações da tropa, dar transparência às ações e resguardar seus executantes de "eventuais distorções informativas, deverá haver uma equipe de filmagem e fotografia composta por pessoal especializado". Também é assegurado, no curso das Op GLO, "direito ao livre exercício da imprensa, excetuadas circunstâncias em que houver manifesto risco à incolumidade física dos profissionais da mídia ou da própria Op GLO.".


 




 

sexta-feira, 14 de março de 2014

O PM NÃO É JESUS CRISTO


Triste, muito triste, ver as imagens do JN de 11 Mar 2014, onde ficou longamente estampado uma fração de tropa da PMERJ sendo atacada a chutes, pontapés, tijoladas, pazadas  e tapas na cara, por moradores da Rocinha, a principio ligados ao movimento de drogas. ( Os rapazes do movimento).

 Inicialmente quero deixar bem claro que sou a favor do Programa/ Projeto  dos GEPAE/ UPP.

E não poderia ser de outra forma tendo em vista que tive o orgulho profissional de estar comandando  a PMERJ quando  a primeira Subunidade  organizacional, seguindo a premissa básica da massificação de volumoso efetivo em determinado espaço geográfico, foi planejada e implantada, após exaustivos estudos do EMG ( Estado Maior Geral), chefiado pelo Cel PM Montenaro. Foi implantada em Setembro de 2000, nos Morros do Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, com o efetivo de 120 homens, a comando do Maj PM Carbalo. com o nome de GEPAE ( Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais).
Como não poderia deixar de ser foi um sucesso, um excelente Projeto Piloto de Policia Ostensiva, o 1º GEPAE/UPP. Incontáveis registros na mídia nacional e internacional criaram e registraram para a história, excelente banco de  dados e substancial massa crítica a respeito da experiência.. Afinal a premissa básica, ou seja uma volumosa concentração de Tropa  distribuída em privilegiado e até certo ponto acanhado território, em forma de Policiamento Ostensivo, diuturno, presente, atuante e até certo ponto sufocante, com características de eternidade, tinha que dar certo, ali, ou em qualquer outro lugar do mundo. ( No inicio, pelo menos- Afinal não podemos esquecer  nem desmerecer uma das conclusões de Montesquieu, qual seja : " As conquistas são fáceis de fazer, porque as fazemos com todas as nossas forças, são no entanto difíceis de preservar, porque as defendemos só com parte das nossas forças").

Tão certo deu, que nos anos e Governos que se seguiram os GEPAE/ UPP irradiaram e foram implantados em várias  áreas consideradas críticas que se seguem : Formiga, Chácara do Céu, Casa Branca, Vila Cruzeiro, Cavalão, Providencia, Morro do Estado, Rio das Pedras, Gardênia Azul, Anil.

Em termos organizacionais, já em 2004, a Departamentalização da PM estava a exigir a criação de um Comando Intermediário próprio, tendo sido implantado o CEPAE ( Comando de Policiamento em Áreas Especiais) tendo sido seu primeiro Comandante o Cel PM UIbiratan.

Então como ser contra um Programa/Projeto vitorioso, como já disse, nascido e implantado durante nossa administração PM  e previsto no Plano de Segurança do Governo Estadual à época.

O problema é outro. O problema é a forma creio, açodada, em aumentar desmesuradamente a malha formada pelos GEPAE/ UPP sem que a retaguarda consiga suprir as necessidades básicas daqueles que já foram implantados.

O problema que está acontecer é que de uma forma ou de outra , todos os outros segmentos do Estado continuam e continuarão a colher os  louros das ações nas áreas especiais e a PM, incoerentemente, como a principal vertente estrutural do Programa/ Projeto, está cada vez mais fadada a receber críticas, tiros, bombas, sóis quadrados, mortes ,sofrimento, sepultamentos, enlutamentos e mais recentemente, tapas na cara e tijoladas nas canelas.

Até quando?  Está claro e sabido por aqueles que dedicaram o mínimo de seu tempo a estudar os clássicos,  nos bancos escolares de nosso Sistema de Ensino Policial Militar, que uma terrível armadilha/fenômeno administrativa chamada " GIGANTISMO" já está se apoderando dos destinos do Programa/ Projeto GEPAE/UPP.

No aspecto humano, o "gigantismo" se não tratado a tempo pode condenar o corpo humano a intensos e imensos sofrimentos e até a morte. Uma de suas principais características além do crescimento desproporcional  é a incapacidade de todo o organismo ser oxigenado com eficácia. O coração não consegue enviar a carga logística de sangue necessária a uma área tão grande , com o volume e  regularidade corretos,  provocando o sofrimento e a morte do indivíduo.

Na administração, o Projeto surge, dá certo, é aplaudido, vira modelo, e começa a crescer. A principio tudo bem. Com o tempo, as linhas de suprimento começam a falhar, os depósitos de suprimento de pessoal começam a claudicar. Outras variáveis surgem que não foram previstas.

No caso atual, em que a coluna vertebral conceitual do Projeto é a massificação, é a distribuição espacial do efetivo PM , não por KM nem Metro quadrado, mas por Centímetro quadrado, perda e não reposição, de efetivo é mortal.

Ora, todos sabemos que a PM perde mais de 1000 homens  por ano, pelos mais variados motivos: Morte, doenças graves, passagem para inatividade, prestação de concursos para outras atividades, expulsão, deserção, extravio, etc. E  os GEPAE/ UPP também perdem ( embora nos últimos 7 anos todos, todos, os 9.000 Policias Militares oriundos do saldo  dos 17000 formados no CFAP menos os 8000 que foram embora, tenham sidos classificados nos GEPAE/UPP, dai o desespero total e absoluto da população do Interior e da Baixada no tocante a falta de policiamento e consequentemente aumento dos índices criminais em suas áreas).

O inimigo não dorme e nem  tampouco troca de profissão. Se alguns ou todos os GEPAE/UPP estão a perder efetivo, fala-se que alguns já não detém 60% do efetivo original, a capacidade de atuar no terreno enfraquece.  Existem três formas de atenuar isso, uma diminuindo a área, no caso impossível, outra, apertando as escalas, difícil, tendo em vista que os atuais Recrutas foram formados sob outra ótica, a da flexibilidade, a da fluidez da identidade, a da escola ornitorinquiniana, a dos argumentos paisanos....Então sobra a decisão fatal de diminuir os postos de serviço no terreno . É ai que o criminoso das drogas começa a se assenhorear do território. Como o mercado não para, infelizmente os narizes não querem parar de cheirar, os pulmões não querem parar de  fumar e nem tampouco as veias parar de se injetar, a ocupação antes real, passa a ter tinturas de simbolismo, abrindo cada vez mais brechas para atritos, confrontos, escaramuças, ferimentos, mortes ( normalmente de PM). O principio do volume e da massa policial é totalmente enfraquecido, provocando com isso a diminuição do efetivo desdobrado no terreno. As madrugadas são longas e o inimigo é cruel, sabe que o terreno está ficando desprotegido e começa a ocupar postos a  cavaleiro e em um segundo momento a "patrulhar" determinadas áreas, antes ocupadas pelas Frações Policiais Militares, e o mercado e os mercadores da morte voltam a funcionar 24 horas.

O "gigantismo" com o tempo não permite que a supervisão, a ação de comando, a cadeia de suprimentos, principalmente armas, munições, alimentação, proteção individual,  comunicações, a reposição de efetivos, a ação correicional,  etc, acompanhem os fenômenos diuturnos sofridos pela Tropa desdobrada no terreno, passando a enfraquecer cada vez mais a cadeia de comando.

Portanto, creio humildemente,  já passou da hora do Grande Exercito, que é a valorosa PMERJ, dar uma parada estratégica, montar um alto guardado, estabelecer um perímetro de segurança de 360 º, acender algumas pequenas fogueiras fraternas e simbólicas, reunir seus iguais, e a seguir voltar aos compêndios do Estado Maior e Ordens e aplicar os conceitos de REORGANIZAÇÃO  para  CONSOLIDAÇÂO.
Repor e/ou reforçar o efetivo de todos os GEPAE/UPP, para que cada centímetro quadrado continue a ter PM, é salvar vidas, vidas PM.

Insisto no aspecto do açodamento em implantar Grupamentos sem retaguarda logística . Sucumbir ao canto da sereia do " GIGANTISMO" é  "colocar com sofreguidão, lenha na fogueira". É preparar o Quadro de Situação, para que incontáveis e sofridas mães e avós PM, a exemplo do recém assassinado Sd PM Rodrigo, bradem aos quatro cantos do mundo que "A PMERJ ESTÁ LANÇANDO NOSSOS JOVENS ( RECRUTAS)  A SANHA DOS LOBOS".

O "gigantismo" na administração civil é responsável pela perda de dinheiro.

O " gigantismo" na administração militar é responsável pela morte de PM, é bem diferente.
  
Nossa Policia Militar levou 205 anos para implantar 41 Batalhões Ordinários, não pode ter sido por acaso......

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Para finalizar, quanto ao episódio triste ocorrido na Rocinha , quero registrar que o PM não é Jesus Cristo.
 A hora que um " Bola de Ferro" bipolar ou não, com  15 dias de formado,  lançado a sanha dos lobos, sem saber o que é uma Fração Constituída PM, sem saber o que é Cadeia de Comando, sem saber os princípios básicos de coberta, abrigo e de soldagem de corpos para multiplicar forças e cismar (e com toda razão) de não oferecer a outra face para apanhar, conforme o pregado pelo Senhor  Jesus Cristo, estando fardado e armado, com certeza reagirá na forma da lei. E aí, mesmo que se use o principio gradual e proporcional da força, fatalmente vidas e talvez muitas, serão perdidas ( cada Pistola Policial possui no mínimo um carregador de 20 tiros e o Fuzil de 30). E a lei o amparará. Afinal, ninguém, mas ninguém, nem Cmt, Chefe, Diretor, Coordenador, Assessor, Presidente, Gerente, Governador, Secretário, Técnico, Treinador,Juiz, Padre, Pastor tem o direito e nem o amparo legal de dizer a um Policial Militar fardado e armado que ele tem que apanhar na cara e tomar tijoladas e pazadas nas canelas e ficar quieto, e oferecer a outra face, para continuar apanhando. Em qualquer lugar do mundo, atacar Policiais fardados é atacar o Estado e a Sociedade, sendo que em alguns rincões desse nosso imenso Brasil, tapa na cara é sentença de morte .O PM nessa situação tem e sempre terá o direito legal de reagir, usando os meios necessários para sobrepujar seus agressores, isso, se tratando de sua individualidade. E terá o dever de reagir a toda e qualquer injusta agressão contra sua farda , defendendo e representando a eterna força  de 205 anos de glória e inestimáveis serviços prestados a Sociedade, da Gloriosa Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A História do CAVEIRÃO- (8ª Parte/ Conclusão )

ESCANINHO DE RECORDAÇÕES

Em homenagem a lendária Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro e todos os heróis e heroínas sociais que compuseram e compõem seu efetivo. Seeellvvaaa!!!!

A História do Caveirão ( 8ª Parte/ Conclusão )

Continuação.

Assumi o Comando Geral da Corporação no dia 14 Jun de 2000.

Na primeira oportunidade que as cargas descomunais do Comando, suportadas em ombros frágeis, mas alicerçados por vontade férrea, permitiram, passado algum tempo para superar a internacional crise durante a  qual assumi o Comando, convoquei o Cel Maia, companheiro de longa data, a quem havia entregue os destinos da DGAL ( Diretoria Geral de Apoio Logístico). Conversamos longamente sobre  o projeto da que seria a 1 ª VBTP/T ( Viatura Blindada de Transporte de Pessoal/ Tropa) destinada ao confronto e emprego tático contra traficantes de drogas, armados com fuzis e granadas de guerra e encastelados em áreas criticas de nosso Estado. Nessa ocasião passei  alguns croquis,  sem muito detalhamento,  para ele, nos quais eu registrara em esboço primário o lay-out que eu acreditava ser o que atenderia nossas necessidades naquele momento. ( Eu tinha um certa facilidade de elaborá-los em razão de haver cursado a Faculdade de Engenharia ). O Cel Maia anotou a reunião nos mínimos detalhes e levando os desenhos iniciais  com ele, disse que conversaria com seus auxiliares e prometeu-me uma solução. Ao final deixou o gabinete registrando que também havia se apaixonado pelo projeto.


Passado algum tempo o DGAL pediu-me permissão para visitar o Parque Fabril do Estado de São Paulo, o qual achava após algumas pesquisas, que seria o único capaz de construir uma viatura com as especificações que havíamos estipulado.
Retornou com boas noticias. Havia localizado e entrado em contato com algumas firmas capazes de executar nosso projeto, nos moldes dos desenhos e especificações apresentadas.
 Cumpridas concomitantemente as formalidades legais, e após reunião com o EMG, o pessoal da DGAL e o Cmt do BOPE, Ten Cel Moura, avaliamos as propostas apresentadas. Ato contínuo, fechamos contrato com a firma vencedora. À época o custo estipulado foi na ordem de R 90.000,00 ( noventa mil reais).

Como se tratava de projeto inédito, sem referenciais comparativos,  o tempo acordado começou a ultrapassar o estimado inicialmente. Muitas visitas de inspeção aos locais de fabricação foram realizadas pelo EMG,  DGAL e representantes do BOPE. Até que no 2 º Semestre de 2001, o projeto foi concluído e apresentado no pátio do QG, pronto para a realização dos testes finais. A mais nova arma da PM, sua 1 ª VBTP/T,  a partir daí passaria pelos mais rigorosos testes que o BOPE, o CMM e a DGAL pudessem executar, dada a sua destinação.
Entre outros testes , lembro-me de alguns principais : Compatibilidade entre motor e caixa de marcha, temperatura interna, visibilidade do condutor ( pontos cegos), adequação da torre de tiro/observação, tamanho compatível com o terreno que iria operar, disposição e eficiência de seteiras, a eficácia de linhas de tiro laterais  e frontais, segurança e otimização do acesso e descesso de portas laterais e traseiras, e finalmente blindagem, principalmente blindagem. Cargas e cargas de tiros de fuzis 5.56 e 7.62, estando a Vtr parada e em movimento, foram disparadas contra a mesma, explorando-se todos os ângulos e distancias possíveis. Uma de nossas preocupações era o ricochete. Sua couraça não bastava para nós que parasse as balas/projetis inimigos, tinha que ter a capacidade de não atingir ninguém através de balas ricocheteadas em sua blindagem. Nunca esquecendo que eu já havia passado por experiência terrível relativa a projetís ricocheteados em Vtr Policial para ações de choque, ao utilizar o PALADINO em outrora Operação Policial no Morro da Mineira, já registrado em capítulo anterior.
 Após vários testes de tentativa e erro, descobrimos a fórmula ideal, qual seja, uma camada metálica exterior que amortece mas deixa o projetil penetrar, mantendo-o seguro em parte, e uma camada de blindagem impenetrável interna que impede totalmente o projétil penetrar no interior da Viatura. Desta forma as centenas e  centenas de balas criminosas  dirigidas ao blindado, nele ficariam sem penetrar na segunda camada, a interna , nem ricochetear. Lembrei-me em um primeiro momento dos antigos papeis pega-moscas.
 Após uma infinidade de testes, o sonho do velho soldado se realizou. Ali estava na minha frente, no  histórico e estratégico pátio do QG/PMERJ, a materialização do tão ansiado projeto da 1ª VBTP/T ( Viatura Blindada de Transporte de Pessoal/Tropa) da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, com a finalidade precípua de  acessar áreas críticas e confrontar criminosos armados com armas de guerra e granadas ceifadoras de vidas de Policiais.


Passo a seguir a registrar alguns questionamentos que sempre me fazem:

1. Por que a Vtr foi distribuída ao BOPE ?

R.Porque se tratava de um Material Bélico novo e inédito na Corporação, tanto pelo modelo quanto aos fins a que se destinava. Tínhamos portanto que testa-lo e retesta-lo  nas mais variadas condições de  combate. Tínhamos que preparar equipes para opera-lo, e criar rotinas técnicas e táticas de procedimento de emprego, principalmente sob fogo inimigo. E ninguém melhor que o BOPE para cumprir essa missão. A UOpE recebeu então a incumbência de ser seu primeiro operador e confeccionar, mediante Diretriz do EMG, um Manual de Procedimento de Emprego da 1ª VBTP/T.

2. Por que a Vtr foi pintada de preto ?

R. Porque inicialmente ela foi orgânica do BOPE, e essa era sua cor padrão.

3. Por que o termo "CAVEIRÃO, o qual com o tempo passou a ser sua  eterna e insubstituível denominação ?

R. Porque o símbolo do BOPE, é a "vitória sobre a morte" identificada heràldicamente como uma Caveira. Como as proporções da Vtr eram bem maiores  que as demais Viaturas, ao se aplicar o símbolo da Caveira tivemos que aumentar suas proporções seguindo os ditames técnicos da aplicação do "segmento áureo" para se atingir a proporcionalidade perfeita. Pois bem, lá ficaram, nas laterais e  capô  da VBTP/T do BOPE grandes Caveiras pintadas. Na prática, grande Caveira é igual a  CAVEIRÃO.  Pronto, com o aumento da exposição da Viatura junto ao público, o próprio povo deu-lhe imediatamente a denominação de CAVEIRÂO,  e ficou, até os dias de hoje. Mesmo que os Chefes que se seguiram , tentassem chamá-la de Pacificador, COTER, Blindado, etc, mas o nome CAVEIRÂO, ficou, para sempre..... Como um ícone no combate a criminalidade violenta, portando armas e granadas de guerra.

4. Já havia a ideia de adquirir futuramente novas Viaturas Blindadas ?

R. Sim, mas somente  após treinarmos  e aprendermos  à exaustão técnicas e táticas através do projeto- piloto.

5. Essas acusações de que Policiais  Militares, ao longo de seu emprego, usavam o auto- falante da Vtr para aterrorizar a população com ditos vulgares tipo : "Atenção, chegou o CAVEIRÃO, eu vim buscar a suuaa aaallmma!!!!", etc.., etc..

R. Nunca foi provado que esses fatos tiveram lugar em algum momento.



Desta forma , a partir do final do ano de 2001, a 1ª VBTP/T ( CAVEIRÃO ) começou a ser empregada em operações reais contra os traficantes de drogas armados com armas de guerra, segundo as Diretrizes do Comando Geral da PMERJ.

O sucesso operacional começou  a surgir imediatamente, levando-nos a seguir fielmente o " Princípío da Exploração do Êxito". Locais que tínhamos alguma dificuldade para incursionar, passaram a ser vasculhados com alta frequência. Sempre usando-se a tática de subir com uma Patrulha de Combate no interior da Viatura Blindada, normalmente sob intenso fogo inimigo, e descer a pé varrendo a área de cima para baixo, com pés de Mercúrio e mãos lançadoras de raios de Zeus, permitindo assim que o restante do BOPE e a Tropa convencional ocupassem o terreno de baixo para cima, já com os sentinelas inimigos fora de combate. Borel, Alemão, Mineira, São Carlos , Juramento, São José Operário,  Maré, Vila Cruzeiro, Caroba, Aço, Estado, Lagoinha, Salgueiro, Vila Ipiranga, Manguinhos, Jacarezinho, Providencia, entre outras áreas críticas,  foram totalmente dominadas com esta nova ferramenta policial.

O que foi altamente gratificante porém, foi ver que na prática o seu papel/conceito de " Colete à Prova de Balas Coletivo" funcionou plenamente. Centenas e centenas de vidas de Policiais Militares , Policiais Civis, Policiais Federais  e Civis passaram a ser salvas de forma direta e indireta.
Foi realizada inclusive no ano de 2006, pelo EMG da Policia Militar, através de sua Seção de Criminalística,  um meticuloso trabalho de perícia nas unidades blindadas que comprovaram e registraram uma quantidade impressionante de impactos de projetís inimigos nas carcaças dos CAVEIRÕES. Impactos esses que se lá não estivessem, fatalmente estariam nos corpos de Policiais e Civis.



 Com o passar do tempo, os novos dirigentes das Policias, tanto PM como Policia Civil  e também de outras Corporações Co-irmãs, do brasil inteiro, inclusive a Federal, adquiriram Viaturas Blindadas semelhantes ao nosso primeiro modelo de  CAVEIRÃO ( 51-0001 ) .                           

Finalmente , pelo menos até o momento, seguidas tentativas de se adquirir modelos excêntricos de Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal/Tropa para emprego policial, nos moldes do CAVEIRÃO, não tiveram o resultado desejado. Primeiro adquiriram-se viaturas com blindagens inadequadas, às quais a Tropa sabiamente passou  a denominar de "cascas de ovo". Depois surgiram algumas montadas sobre chassis de carretas, às quais demonstraram-se inviáveis para operar em becos e vielas de áreas críticas. Depois buscou- se desenfreadamente inspiração em modelos alienígenas, visitando-se os mais variados Países, como Rússia, Israel, Coreia do Sul, Croácia,  E.U.A, África do Sul, Portugal, França, Alemanha, Tibet, Saramandaia, Terra do Nunca, Narnia , etc.etc.etc. sem que o objetivo, até agora fosse alcançado.  Mas até agora, a tropa sente saudade mesmo é da insubstituível Viatura numérica  51-0001, batizada carinhosamente de CAVEIRÃO VOVÔ, que incontáveis vidas salvou, e que foi o PRECURSSOR e amalgamador da doutrina  do emprego de Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal/Tropa, no combate a criminalidade organizada, violenta,  armada de fuzis e granadas e encastelada em terrenos de difícil acesso.

Numerosas campanhas algumas prós e outras contra, inclusive internacionais,  pautaram o uso do CAVEIRÂO, pelas Forças Legais, enquadrando a nova ferramenta policial ora como  AMIGA ora como INIMIGA da Sociedade.

Incontáveis TTP ( Trabalhos Técnico Profissionais), Teses, Dissertações, Artigos Científicos, tomaram o mercado acadêmico, militar e civil usando como tema regular e recorrente, o CAVEIRÂO.


 Finalizo registrando com honra e orgulho profissionais  o recebimento de uma miniatura, muito bem feita por sinal, não catalogando  o nome do artista por infelizmente desconhecê-lo, ( ainda é tempo), do guardião CAVEIRÃO. Tal lembrança me foi ofertada em Dezembro de 2007, após 6 anos de prática técnica e tática de uso no terreno do " Colete à Prova de Balas Coletivo ", pelo então Comandante do 16º BPM, ilustre Cel PM Marcus Jardim, com uma placa de bronze insculpida em sua base na qual se lê, em cópia autêntica : Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Primeiro Comando de Policiamento de Área, Décimo  Sexto Batalhão de Policia Militar, ao  Cel PM  Wilton Soares Ribeiro, eterno Comandante Geral, PAI DO CAVEIRÃO: LIDERASTE NOSSA CORPORAÇÃO COM VIBRAÇÃO INCOMUM, MAS SOBRETUDO COMANDASTES PELO EXEMPLO. FOSTES TAMBÉM EXEMPLO DE VOCAÇÃO. A MINIATURA OFERTADA È FRUTO DE VOSSA CRIAÇÃO, TRATA-SE DE NOSSO VEÍCULO BLINDADO, CARINHOSAMENTE APELIDADO DE CAVEIRÃO   E QUE HOJE SE CONSTITUI EM NOSSO MAIOR SUPORTE  NA LUTA CONTRA O TRÁFICO ARMADO. MUITO OBRIGADO. Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2007. Marcus Jardim Cel PM Comandante.

É isso aí, MISSÃO CUMPRIDA, esta é a história do CAVEIRÃO.  Obrigado.

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OBS- Não percam as próximas publicações ,  as histórias  do GAM ( Grupamento Aeromarítimo  Ten PM  Antunes) e do GPAE ( Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais).